sábado, 13 de março de 2010

Atletismo promovendo cidadania

Publicado na edição de 20/01/2010 do jornal Diário da Manhã

No próximo dia 5 de fevereiro, em Manaus, a Confederação Brasileira de Atletismo escolherá seus membros que integrarão o Comitê Nacional visando as Olimpíadas de 2016, no Rio de Janeiro. Esse elenco de desportistas trabalhará também nos Jogos Sul-Americanos, Pan-Americanos e Campeonato Mundial, que acontecerão antes das Olimpíadas no Brasil.

Até agora o Comitê Nacional tem sido composto por dirigentes de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, como representantes da Região Sudeste e Pernambuco, do Nordeste. Desta vez as federações que ainda não participam na composição do grupo organizador dos jogos pela CBA decidiram se unir para garantir um integrante compondo o Comitê. Por unanimidade estão indicando Genivaldo José Caixeta, presidente da Federação Goiana de Atletismo. Se a escolha se desse por votação dos filiados, sua vitória seria consagradora, por 18 votos a favor contra 9. Os dirigentes da Confederação, sentindo a força das federações, adiaram a escolha para fevereiro, em Manaus.

Como democracia interna é a vontade da maioria dos que comandam o atletismo no Brasil, um goiano deve compor o Comitê Nacional para as Olimpíadas de 2016, ao lado de outros quatro integrantes tradicionais.

Conhecendo a luta desse anapolino apaixonado pelo esporte, sei que a liderança de Genivaldo José Caixeta junto aos seus colegas presidentes das federações estaduais é fruto da dedicação, trabalho e respeito que conquistou ao longo do tempo. Humilde, desprovido de ambições pessoais, Genivaldo desde criança, dedicou sua vida à pratica esportiva. Iniciou no caratê e desenvolveu a prática esportiva do atletismo. Trabalhou voluntariamente no preparo físico de centenas de crianças e jovens do Conjunto Filostro Machado, Setor Industrial Munir Calixto, Vila Esperança, e outros bairros periféricos de Anápolis. Muitos dos seus alunos se destacaram no atletismo, mas faz questão de afirmar: “todos se tornaram verdadeiros cidadãos”.

Quando, há mais de l0 anos, eleito presidente da Federação Goiana de Atletismo, Genivaldo sabia que o desafio não seria pequeno. Dirigir entidade de um esporte pouco valorizado e praticado no Estado, sem estrutura e quase sem apoio do Poder Público, a tarefa seria gigantesca. Hoje preside uma entidade que conta com mais de três mil atletas. Grande parte deles é bolsista, num trabalho conjunto dos governos estadual e federal. A região do sudoeste goiano tem sido a que mais se destaca na formação de adeptos do atletismo.

Genivaldo sente-se orgulhoso por constatar a transformação que o esporte promove na vida dos jovens. Geralmente oriundos de famílias pobres, moradores da periferia das cidades ou da zona rural, ao serem convocados para representar sua cidade e o Estado em maratonas esportivas, estes jovens voltam após os campeonatos como verdadeiros heróis. Passam a ser atração e motivação para outros adolescentes. Ao ter a satisfação de se hospedar em hotel de luxo, conviver com atletas famosos, viajar de ônibus ou avião e ainda ter foto estampada em noticiários esportivos, esses atletas são os maiores responsáveis para que outros garotos, muitas vezes já com desvio para as drogas, infrações e pequenos crimes, decidam praticar o esporte.

É a transformação que está acontecendo na vida do Babaçu. Um caçador e contador de histórias no município de São Miguel do Araguaia. Genivaldo conta que quando o conheceu, além de caçar e contar histórias, era bebedor compulsivo e já havia se envolvido algumas vezes em pequenos crimes. Ao tomar gosto pelo atletismo, mudou de vida. Deixou de beber e já não é notícia na crônica policial. Babaçu é hoje um atleta alegrando a população de São Miguel do Araguaia com suas histórias de caçador.

“Pela dedicação que tem demonstrado e progresso alcançado, Babaçu será brevemente uma referência no atletismo goiano”, garante Genivaldo José Caixeta.

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