terça-feira, 29 de junho de 2010

Acontecimento marcante pouco conhecido

Publicado na edição de 27/06/2010 do jornal Diário da Manhã

Por ocasião de jogos pela Copa do Mundo, campeonatos internacionais, nacionais ou regionais, os cronistas esportivos desarquivam inúmeras curiosidades do baú esportivo. Fazem retrospectiva de disputas entre duas equipes, quantas vitórias foram obtidas por cada uma, quantos gols marcaram, qual a maior goleada de uma sobre a outra e outras particularidades. Com isso deixam o torcedor muito bem informado.

Quando se analisa a história esportiva de um Município são citadas informações sobre a data da fundação dos clubes, qual seu primeiro presidente, cor da camisa, qual seu principal artilheiro, quem mais jogou pela equipe, quando surgiram os estádios, qual o primeiro jogo, quem marcou o primeiro gol...

Em Anápolis já sabemos que o primeiro time da cidade foi o Bahia Sporte Clube, em homenagem ao baiano Faustino Plácido do Nascimento, doador de uma área de terreno na atual Praça do Bom Jesus, em que se construiu o primeiro campo de futebol de Anápolis : Campo do Largo do Bom Jesus, no final de 1921. Sabe-se que logo depois foi fundado o Cruzeiro do Sul, em 1922. Em 1931 os dois times se fundiram e deram origem ao Annápolis Sport Club.

As curiosidades não param aí. Em 1933 surgiu o campo do Jundyahí. Vicente Puglisi marcou o primeiro gol. Final de 1941 a maio de 1942 funcionou o Campo Novo onde hoje está instalado o terminal urbano, na Praça Americano do Brasil. Em abril de 1942 surgiu o Estádio Manoel Demóstenes, com Riograndino, do Annápolis Sport Club tendo marcado o primeiro gol. Em 31 de agosto de 1963 surgiu o primeiro campo gramado em Anápolis, o Irany Ferreira Barbosa. Em l0 de abril de 1965 foi inaugurado o Estádio Jonas Duarte. Rodarte do São Paulo, marcou o primeiro gol.

Muitos sabem desses acontecimentos esportivos e outros mais, como a vitória da União Esportiva Operária, contra o Atlético Clube Goianiense, em 1947, por 3x2, sagrando-se campeã goiana. No entanto outros fatos importantes ocorridos nos campos de futebol de Anápolis são pouco conhecidos dos próprios anapolinos. Fatos históricos, hilariantes e marcantes.

Segundo o professor e historiador João Asmar, numa das suas crônicas, a rivalidade do futebol anapolino era com América e União de Goiás Velha. Entretanto, na década de 40, no campo do Jundiaí, um jogo entre Anápolis Esporte Clube e Goiânia Esporte Clube, deu início a grande rivalidade entre times da nova Capital e Anápolis. O campo do Jundiaí era todo cercado com muros de taipa, não era gramado, nem possuía alambrado. Nas laterais estavam instaladas cadeiras que eram usadas pelas autoridades que comparecessem aos jogos e pela banda de música. No transcorrer do jogo, Tomaz lançou a bola por cima para Raul que antecipou-se ao goleiro. Prensado por dois zagueiros cabeceou marcando o gol. Vibração do público e a bandinha aumentando a alegria da torcida. Quem não gostou nem um pouquinho, foi o interventor de Goiás, João Teixeira, presente ao espetáculo. Teixeira era goianiense convicto. O árbitro da partida, fanático pelo Goiânia, para agradar ao interventor goiano, anulou o gol. A revolta dos anapolinos foi total.

Sebastião Paulista , comandando os protesto da torcida: Bêbado, corpo cambaleando, vermelho e boca espumando, gritava ininterruptamente, em frente ao interventor João Teixeira, sentado numa das cadeiras instaladas no campo:

- Juiz ladrão! Laaadrão! Filho da puta...

Incomodado com a insistente gritaria do Tião, o visitante ilustre, de maneira educada, voz baixa e com muita calma lhe pediu para que parasse com aquele xingatório.

Sebastião Paulista , engrossou, dirigindo termos ofensivos ao dr. João Teixeira.

Sem perder a paciência com o bêbado atrevido, o interventor lhe perguntou:

– O senhor sabe com quem está falando?

– Não sei e nem quero saber! Disse Tião retorcendo o corpo, quase caindo!

João Teixeira, investido na condição de maior autoridade do Estado, lhe disse com firmeza:

– O senhor está falando com o governador do Estado.

– Melhor! Filho da puta duas vezes! Arrematou Tião Paulista, para a preocupação das autoridades anapolinas que acompanhavam Teixeira.

Correria e muito tumulto no campo. Bandinha tocando número extra para abafar a confusão. Enquanto isso Sebastião Paulista foi levado para a prisão. Passou a noite na cela, curtindo sua bebedeira.

Tião Paulista, primeiro preso nos campos de futebol de Anápolis a passar a noite na cadeia.


Adhemar Santillo foi atleta do Ypiranga, cronista esportivo e presidente da Liga Anapolina de Desporto.

Volta ao passado

Publicado na edição de 25/06/2010 do jornal Diário da Manhã

Sábado passado, dia 19 de junho, tive a satisfação e motivo para recordar um pouco do meu tempo de jovem. Época de estudante no colégio estadual José Ludovico de Almeida. Além de estudar militava na política estudantil. Por ser o maior estabelecimento educacional de Anápolis, o colégio estadual, era também o celeiro em que se formavam as grandes lideranças políticas de Anápolis. Estivemos no colégio São Francisco de Assis, um dos mais conceituados de Anápolis, participando de debate com os estudantes, ao lado de Odilon Alves, diretor e redator da revista Planeta Água; Paulo Gonçalves, professor e jornalista; Maria de Lourdes, professora de Alemão e jornalista e Onaide Santillo, radialista e apresentadora de programa na TV-14 de Anápolis. Fomos convidados pelos professores Marcos Aurélio Divino e Wilma. Discutimos temas do momento e sobre a profissão de jornalista com os concluíntes do 3° ano do ensino médio daquele colégio.

Embora não tenha estudado no colégio São Francisco, tive ótimo relacionamento com os estudantes daquele colégio quando militava na política estudantil. Em 1963, juntamente com Eles Alves Nogueira, Levy Schiettini, Valmir Bastos Ribeiro e Jacy Fernandes, acabamos com o isolamento dos estudantes de Anápolis. Transformamos a União Independente dos Estudantes Anapolinos – UIEA em União dos Estudantes Secundaristas de Anápolis – UESA, vinculada à União Goiana dos Estudantes Secundaristas – UGES. Fui eleito seu primeiro presidente, como candidato único, num pleito direto, com a participação de todos os estudantes secundaristas do município. Dos colégios particulares o mais conceituado e numeroso era o São Francisco. Escolhi meu companheiro de chapa para a vice presidência entre os franciscanos.

A maior emoção ficou por conta de relembrar que por aquelas escadarias pomposas e salas amplas e arejadas do tradicional São Chico, havia passado, por três anos consecutivos, meu irmão Henrique Santillo, que viria se transformar no futuro governador de Goiás. Uma das mais autênticas lideranças políticas do Brasil, no combate à ditadura. Henrique Santillo foi o mais aplicado e dedicado aluno de toda história do Colégio São Francisco de Assis. Fundador do seu grêmio estudantil, Clarim das Letras e das Artes. Foi também seu primeiro presidente. Os colegas de Henrique Santillo, no colégio São Francisco, como Geraldo Fleury Curado, afirmam que ele era para os companheiros de classe o conselheiro e professor que todos consultavam.

Há algum tempo atrás recebi como presente do amigo Mauro Gonzaga Jaime, o Pastinha, alguns exemplares do jornal Arauto dos Reis, órgão informativo do colégio nos anos 50, em que divulgava as melhores notas obtidas pelos alunos em cada mês. Em todos os meses Henrique Santillo figura em primeiro lugar, na sua turma. Era estudioso sem alienação política. Pelo contrário, como estudante secundarista em Anápolis e universitário em Minas Gerais, onde cursou medicina na UFMG, foi atuante politicamente. Presidente do Diretório Acadêmico da faculdade de medicina, presidente do DCE mineiro e presidente da UEE, sem deixar de ser o estudante brilhante dos tempos de secundarista, realizando todo curso de medicina, como o primeiro aluno da turma.

Relembrei todas essas passagens de um cidadão que foi a grande referência da qualidade do ensino do Colégio São Francisco de Anápolis no passado, sob a direção do frei Chicão. Naquele prédio antigo, muito bem conservado e repleto de histórias, eu e os demais convidados, vimos o São Francisco moderno. O Projeto Ipocar – Investigação, Produção, Opinião, Cidadania, Argumentação e Realidade, do qual participamos, além de preparar os estudantes no conhecimento profundo dos acontecimentos cotidianos, os ajuda na tomada de uma decisão mais segura em busca do seu futuro profissional. Os tempos mudaram, mas o Colégio São Francisco continua moderno e atualizado, formando estudantes cônscios da sua responsabilidade como cidadãos.

domingo, 20 de junho de 2010

Calango cantou e dançou

Publicado na edição de 20/06/2010 do jornal Diário da Manhã

No início dos anos 60 chegaram a Anápolis alguns atletas vindos do interior de Minas, para reforçarem, principalmente Anápolis e Anapolina. Um rapaz louro, bem franzino, logo caiu na graça da torcida rubra. Seu nome oficial ninguém sabia, mas seu apelido ecoava por todos os recantos da cidade: Calango!

Como o Brasil havia conquistado o primeiro campeonato mundial na Suécia (1958) e Garrincha, com seus dribles desconcertantes, era a maior sensação dos que apreciavam o futebol-arte.Calango, em pleno Estádio Manoel Demostenes, o lembrava com suas paradas rápidas e gingadas de corpo. Os torcedores da xata iam à loucura, quando o moço de Uberlândia , dava aquela freada repentina no campo de chão batido, gingando corpo sem sair do lugar, geralmente desequilibrando o marcador que caia sentado ao solo. Seus dribles e pedaladas valiam aos torcedores rubros, principalmente se fosse num jogo contra o Anápolis, mais que uma expressiva vitória.

Sua maneira alegre de jogar conquistou a simpatia unânime dos torcedores da Anapolina. Os adversários também se divertiam, quando não era o time deles que passava pelo vexame, é claro! Em pouco tempo Calango virou a principal sensação no futebol de Anápolis. Mesmo os que não gostavam de futebol começaram a frequentar os jogos, em que ele estivesse presente.

Nessa mesma época trabalhava como cronista esportivo na Rádio Santana de Anápolis. Pequena emissora AM, de 250 watts, mas muito ouvida na cidade. Nossa cabine de transmissão era à base de madeira e fórmica, construída no início de 1962, ano de Copa do Mundo, no Chile. Aproveitando o espírito patriótico dos brasileiros que já pensavam no bi-campeonato, a pintamos de verde-amarelo.

Num jogo entre Anapolina e Ypiranga resolvemos inovar. Microfone com cabo longo instalado na aparelhagem da cabine, ia até a lateral do campo, colocava o repórter de pista mais próximo dos jogadores. Nosso repórter era o saudoso Antônio Abrão Isaac, o Toníco. Excelente advogado. Lecionou por muitos anos na Faculdade de Direito da UniEvangélica. Foi secretário municipal quando exerci o cargo de prefeito entre 1997/2000.

Pelo comprimento do fio do microfone, toda vez que acionávamos o repórter de pista era aquele zunido que incomodava todos nós da cabine de transmissão. Os ouvintes tanto reclamaram da qualidade do som, que nossa inovação não passou daquele domingo. Nos jogos seguintes o repórter de pista ficou na cabine mesmo, ao nosso lado.

Quando Anapolina e Ypiranga entraram em campo, Antônio Isaac, mais que depressa fez um aceno para Calango, o craque sensação. Muito solícito veio até a lateral do campo. No momento chovia fino. Essa condição climática obrigou Toníco usar galochas e capa de nylon. Estava totalmente protegido da chuva e outros possíveis imprevistos. Floreou, encheu a bola, descrevendo a mestria de Calango. Por fim fez a pergunta:

– Em quem você se inspirou para driblar com tanta perfeição ?

Ao pegar o microfone, Calango passou a pular baixinho, gritando:

– Ai, ai, ai, ta, ta, ta...

Como não parava de sapatear com seu ai, ai, ta, ta, ta, interminável, o repórter tirou-lhe o microfone, sapecando:

– Gente, além de tudo Calango é dançarino e cantor!

Recobrando a respiração, o craque se distanciando, do Toníco Isaac, desabafou:

– Que dança coisa nenhuma! Tomei foi choque nessa espelunca...

Empacotado e bem isolado , o repórter não notara que o microfone estava dando choque.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Fazer bem-feito é o caminho

Publicado na edição de 17/06/2010 do jornal Diário da Manhã

Cora Coralina, em seu livro Vintém de Cobre – meias confissões de Aninha, relata que “a vida é boa. Saber viver é a grande sabedoria. Saber viver é dar maior dignidade ao trabalho. Fazer bem-feito tudo que houver de ser feito. Seja bordar um painel em fios de seda ou lavar uma panela coscorenta. Todo trabalho é digno de ser bem-feito”.

Para que seja bem-feito aquilo a que nos propomos realizar, temos que conhecer em detalhes o trabalho que vamos executar. Além de conhecê-lo, temos que trabalhar com dedicação e zelo. Precisamos acreditar e ter amor na missão que estamos cumprindo.

Quem se propõe a exercitar atividade política no Brasil tem enfrentado constrangimentos, censuras e incompreensões. Pelo desacerto de alguns, mesmo os mais dedicados, têm sido nivelados por baixo. Todos são tidos como desonestos. Atividade política é um trabalho. Trabalho sério. Há os que a realiza bem. Não podem ser comparados aos desonestos, que fazem da atividade um balcão de negócios e instrumento de enriquecimento ilícito.

Por mais de 40 anos participamos da atividade política. Exercemos vários mandatos eletivos. Quase todos conquistamos na oposição. Como deputado estadual e três vezes deputado federal assumimos o compromisso de enfrentar a ditadura, lutando pelas liberdades democráticas. Combatendo o bom combate, nos orgulhamos de ter colaborado, nas pregações em praça pública, tribuna do Congresso Nacional e contatos permanentes com o povo, pelo retorno do País à democracia.

Como secretário da Educação, no governo de Iris Rezende Machado, realizamos concurso público para admissão de professores, em um instante no qual as leis permitiam a escolha dos educadores por indicação política. Vencemos a resistência de companheiros que não concordavam com o concurso. Implantamos o Estatuto do Magistério, elaborado em parceria com o Centro dos Professores Goianos (CPG). Tivemos o apoio do governador Iris Rezende para excluir dos efeitos do decretão de março de 1983 todos os professores que foram atingidos por ele, mas que já trabalhavam nas escolas, estaduais, “segurando vagas”, antes do dia 3 de abril de 1982. Só não foram reintegrados aqueles docentes que não quiseram retornar à rede estadual. Dos 12 mil inicialmente atingidos, apenas algumas dezenas não se reintegraram. Construímos e reformamos escolas por todo o Estado. Criamos seis cursos universitários novos em Anápolis, sendo o embrião para que Henrique Santillo instalasse a Uniana (Universidade Estadual de Anápolis), transformada em UEG (Universidade Estadual de Goiás) por Marconi Perillo. Levamos faculdades de Educação para o Norte do Estado, hoje Tocantins. Construímos e reformamos prédios escolares por Goiás inteiro. Acabamos com os Centros Cívicos, criados no período ditatorial, retornando com os grêmios estudantis livres. Investimos na capacitação dos professores...

Como prefeito municipal realizamos dinâmica administração elogiada até pelos mais ferrenhos adversários. Envolvemos o município no encaminhamento de atividades que beneficiaram a iniciativa privada, como vinda da Hering para Anápolis e instalação do Porto Seco. Além do enorme esforço que fizemos para garantir o Porto Seco, conseguimos junto ao Ministério dos Transportes o aluguel de imóvel pertencente à Rede Ferroviária Federal, no Daia, que estava desativado e iria a leilão. Por ser contrato de órgão público para órgão público o aluguel foi possível. A diretoria do Porto Seco, por instrumento legal, repassava mensalmente à prefeitura as despesas do aluguel. Conseguimos que em um encontro de contas, o governo do Estado ficasse com o imóvel como recebimento de parte do ICMS, devido pela Rede Ferroviária ao governo estadual, consolidando seu funcionamento em Anápolis.

Graças ao Porto Seco, à exceção de Brasília, Anápolis é a cidade do Centro-Oeste e Tocantins com a maior arrecadação de impostos federais. Foram arrecadados em maio 318 milhões e 700 mil reais, via Porto Seco. Passaram por ele 9 mil e 600 veículos importados, no mês passado. O dobro de maio de 2009. Valeu a pena o esforço e sacrifício que fizemos em favor da sua concretização.Com o Porto Seco plantamos o futuro da economia anapolina.

Em política, sendo ela feita com seriedade, os bons frutos podem demorar, mas com certeza chegarão. O importante é fazermos bem a missão que nos cabe.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Respeito ao povo e ao dinheiro público

Publicado na edição de 10/06/2010 do jornal Diário da Manhã

O voto do eleitor brasileiro tem sido muito mais pelo emocional que pela razão. Isso porque ninguém acredita em “proposta” de candidato. Só vamos alterar essa cultura, quando eleitor, além de votar, exigir do eleito que cumpra a palavra empenhada na campanha eleitoral.

Os japoneses estão nos dando, mais uma vez, lição de democracia e cidadania. O primeiro-ministro Yukio Hatoyama , antes de completar nove meses no cargo, foi obrigado a renunciar sob pressão popular. Hatoyama assumiu compromisso de, sendo eleito, retirar a base militar do exército americano em Okinawa, ilha no sul do Japão. No cargo, desistiu da ideia, passando a defender a presença da base em solo japonês por questão de segurança nacional. Sua mudança de comportamento revoltou a população, obrigando-o a renunciar o cargo.

Para substitui-lo, foi designado Naoto Kan, que ao contrário de Hatoyama defendeu publicamente a permanência da base militar de Okinawa. O povo aceitou sua proposta. A revolta popular não se deu pela manutenção ou retirada da base militar americana, mas sim por promessa enganosa. O japonês não aceitou ter sido enganado, exigindo sua renúncia sob pena de impingir-lhe fragorosa derrota na próxima eleição parlamentar. Seu substituto defendeu a presença da base militar americana e foi aceito pela maioria, sem nenhuma contestação. Governante tem que ter segurança nas suas propostas. Perdendo a confiança da população não merece permanecer no cargo.

Infelizmente, aqui entre nós, a maioria diz que “conversa de político e risco na água têm o mesmo valor”. Por isso que os debates políticos se aproximam cada vez mais de programas policiais, em que o denuncismo prevalece. Vence quem melhor denuncia, mais ataca e usa de expedientes ilícitos. Vence quem melhor mexe com o emocional do eleitor. Além de nada proporem, muitos, ao assumirem o cargo, destroem ou não dão manutenção às obras que seus antecessores realizaram.

O Projeto Dom Bosco, criado em Anápolis desde 1986, é ótimo exemplo dessa irresponsabilidade. Durante seu funcionamento, instruiu e encaminhou milhares de crianças e jovens à aprendizagem profissional e ao primeiro emprego. Foi fechado por Ernane de Paula e nunca mais voltou a funcionar pelas administrações que o sucederam. Para Ernane José de Paula, o programa fazia lembrar Adhemar e Onaide Santillo. Por isso teria que ser destruído. Não deixou nem um vestígio da sua existência de tantas conquistas e glórias. Todos equipamentos, máquinas e materiais que lhe pertenciam sumiram. Até a sede principal do Projeto Dom Bosco, que adquirimos da Aeronáutica, na Vila Jaiára, foi repassada à Polícia Militar para instalação de uma unidade da PM. Enquanto isso, os jovens foram jogados à rua. Hoje centenas de garotos, que poderiam estar frequentando o Projeto Dom Bosco, fazem das ruas sua moradia e das drogas e flanelinhas sua aprendizagem.

O Centro Integrado da Mulher (CIM), dirigido pelo médico Maurício Machado, dentro de uma concepção moderna e avançada, desenvolvida pela Universidade de Campinas (Unicamp), em parceria com a Organização Mundial de Saúde (OMS), foi por nós implantado em Anápolis. Referência no atendimento à saúde da mulher, dentro e fora de Goiás. Pioneiro no serviço público goiano em prevenção de câncer de mama e colo de útero, evitou que milhares de mulheres contraíssem câncer. Apontado por médicos e entidades que militam na área como o mais importante programa de saúde da mulher em Goiás, foi reduzido a um posto de saúde por Ernane José de Paula, por ter a “cara de Adhemar e Onaide Santillo”. Inaugurado com a presença de José Aristodemos Pinotti, uma das maiores autoridades mundiais em programas de saúde da mulher, que só veio a Anápolis pelo valor do programa e seu pioneirismo em Goiás, o Centro Integrado da Mulher é apenas saudade.

Com a direção do médico Geová Leite Guedes, instalamos na Vila Jaiára o Hospital de Medicina Natural. Da mesma forma que o Projeto Dom Bosco e o CIM, foi extinto sem deixar vestígio.

Infelizmente, ainda não temos a mesma cultura política japonesa.

domingo, 13 de junho de 2010

Raul Silva, o craque anapolino (Final)

Publicado na edição de 13/06/2010 do jornal Diário da Manhã

Raul Silva, o maior artilheiro do futebol anapolino, em 1949, deixou a rubra. Não concordava com a panelinha dos Puglisi – Júlio, Zeca e Laudo, que só jogavam entre eles. Deixou a equipe, transferindo-se para a União Esportiva Operária em troca de Amir de Souza Ramos, o Mirim, que estava contundido e sem jogar na União Operária.

Em 1953, Raul assistia à partida entre o Flamengo Futebol Clube de Anápolis e o 1º de maio de Goiânia, no Estádio Manoel Demóstenes .O rubro-negro anapolino perdia por 3 x 0. Seu ataque não furava o forte bloqueio dos goianienses. João Queiroz, comandante flamenguista, solicitou a Raul que reforçasse sua equipe. Providenciou todo material esportivo ao artilheiro. Raul marcou 5 gols, sendo que um não foi validado pelo juiz, por não ver a bola entrando e saindo por um buraco na rede. Flamengo venceu por 4 x 3. O último gol, Raul que havia passado pelo zagueiro e tocado a bola entre as pernas do goleiro, foi derrubado. O goleiro caiu sobre o artilheiro. Na queda, Raul fraturou o menisco. Operado, não ficou totalmente recuperado, encerrando sua carreira de futebolista aos 36 anos.

Em 15 de março de 1951, nasceu o São Francisco, sob a presidência de Boulanger Brossi. Teve como presidentes de honra, frei André Quinn e o major Mauro Borges. Em 15 de novembro de 1952, nasceu o Ypiranga Atlético Clube, sob a presidência de Daas Bittar e assessoramento de David Esteves de Azevedo.

Em 1949, foi fundada a Liga Anapolina de Desportos. No mesmo ano, foi disputado o primeiro campeonato anapolino de futebol. A Associação Atlética Anapolina foi a campeã. A rubra venceu os campeonatos de 1950, 1951 e 1952, chegando ao tetra campeonato municipal. Em 1953, o campeão foi o São Francisco. Em 1954, o Anápolis Futebol Clube. Em 1955, novamente o São Francisco foi campeão e encerrou suas atividades esportivas. Em 1956, a Anapolina venceu o Anápolis na partida final, por 2 x 1, sagrando-se mais uma vez campeã. Em 1957, cinquentenário de Anápolis, o campeão foi o Ypiranga. Em 1958, o Anápolis. Em 1959, o campeão anapolino foi o Ypiranga. Em 1960, mais uma vez sagrou-se campeã a Associação Atlética Anapolina. Nos anos de 1961/62, foi campeão o Ypiranga.

Em 31 de agosto de 1963, foi inaugurado o 1º campo com gramado, alambrado e arquibancadas em Anápolis. O Estádio Irani Ferreira Barbosa, pertencente ao Ypiranga, no Bairro Jundiaí. O primeiro jogo no Irani Ferreira Barbosa foi entre Ypiranga e Uberlândia. Vitória do alvinegro por 2 x l. Gols ipiranguistas de Carlos Eli Jardim e Valter Gomes Veloso, Dada.

Em 10 de abril de 1965, foi inaugurado o Estádio Jonas Duarte com o jogo seleção Anapolina x São Paulo Futebol Clube. O São Paulo venceu por 4 x 1.O primeiro gol foi marcado por Rodarte, do São Paulo. Neste mesmo ano, o Anápolis sagrou-se campeão goiano, já no profissionalismo. Repetiu o que sua antecessora, União Esportiva Operária, conseguira em 1947. Em 04 de junho de 1987, próximo de completar 70 anos, faleceu Raul Silva, o maior artilheiro que passou pelos campos de Anápolis.

Adhemar Santillo foi atleta do Ypiranga, cronista esportivo e presidente da Liga Anapolina de Desportos.

domingo, 6 de junho de 2010

Raul Silva, o craque anapolino (III)

Publicado na edição de 06/06/2010 do jornal Diário da Manhã

Ainda no livro "Sou anapolino, com muito orgulho!", em que o médico Wolney Ronaldo Silva escreve a biografia do seu pai, Raul Silva, uma das maiores expressões do futebol anapolino de todos os tempos, relata que, em maio de 1942, o Anápolis Esporte Clube importou 12 jogadores de Ribeirão Preto e região, se transformando na maior expressão do futebol goiano, o Pantera Goiano. Os atletas eram todos profissionais. Ganhavam pequenos salários, mas eram todos profissionais. Apenas Raul Silva, nascido em Anápolis, como atleta amador, depois de muito relutar, fez parte do Pantera Goiano. Mais tarde Arnaldo Vento e Zeca Puglisi integraram a equipe.

Com o afastamento da União Esportiva Operária, o Anápolis Esporte Clube, Pantera Goiano, maior expressão futebolística estadual, arrasava os adversários. O ano de 1943 foi inigualável para uma equipe de futebol. Venceu todas as partidas que disputou: 3 x 2 sobre o Independente de Uberaba; 2 x 1 no Goiânia; 2 x 1 no Atlético Goianiense; 4 x 0 no Goianaz; 2 x 0 sobre o Uberlândia; 1 x 0 contra o Operário de Araguari; 7 x 2 no Goiás; 3 x 0 sobre o Anhanguera de Ipameri; 3 x 2 sobre o Sal Tropeiro de Uberlândia. 4 x 1 no Fluminense de Araguari; 4 x 1 sobre o Atlético Goianiense e 3 x 0 sobre a A.A. Pirenopolina. Fez ainda uma excursão invicta por Uberlândia, Uberaba e Araguari, no Triângulo Mineiro. No retorno goleou todas as equipes de Goiânia. No final de 1945 os jogadores profissionais que defendiam o Pantera Goiano retornaram aos seus estados de origem para disputarem o Campeonato Brasileiro de Seleções. A equipe voltou a jogar com craques anapolinos.

No dia 1º de maio de 1946, Geraldo Rodrigues de Siqueira não se conformando com o desaparecimento da União Operária, encabeçou movimento para o seu retorno. Os trabalhadores atenderam ao seu apelo e a equipe voltou. Dia 17 de abril de 1947, em partida amistosa e histórica, Anápolis Esporte Clube goleou a União Esportiva Operária por 10 x 2.

Ainda em 1947, depois de ser goleada impiedosamente pelo Anápolis por 10 x 2, a União Esportiva Operária, teve que se conformar em participar do 1º Campeonato Goiano de Futebol, disputando a chave do interior. Ao contrário o Anápolis Esporte Clube participou da elite, da chave de Capital. Atlético Clube Goianiense, sagrou-se campeão da Capital. A União Operária foi campeã da chave interiorana.

A diferença de categoria entre as duas equipes finalistas era colossal. O Atlético Goianiense possuía vários jogadores cobiçados pelos melhores time brasileiros. A União Operária era constituída por atletas anapolinos. Foram disputadas duas partidas entre os vencedores das duas chaves para que fosse conhecido o campeão goiano de 47. Uma em Anápolis e a segunda em Goiânia. Em Anápolis, no EstádioManoel Demóstenes. União Operária e Atlético Goianiense empataram em 0 x 0. A segunda partida, no Estádio Pedro Ludovico em Goiânia, Atlético Goianiense 2 x 3 União Esportiva Operária. Os gols dos anapolinos foram de Laudo, Chupeta e Moreno. Surpreendentemente, a União Operária sagrou-se a primeira campeã goiana.

Relata Álvaro Fernandes de Castro, que defendeu a União Operária: “O Atlético Goianiense, após o jogo, foi todo desmontado. Seus principais atletas foram vendidos: Tocafundo foi para o Palmeiras, Dida para o São Paulo, Bicho para Curitiba, Washington(Goiano) para o Corinthians, Paulo para a Itália. Quando Tocafundo nos entregou a taça de campeão, passou mal e desmaiou.” Não acreditava no acontecido!

Em outubro de de 1947, endividado e com a saída da familia Puglisi, o Annápolis Esporte Clube caminhava para o desaparecimento. No dia 21 de novembro jogou sua última partida ganhando por 1 x 0 do Goiás, no Estádio Manoel Demóstenes. Nesse jogo o Anápolis encerrou suas atividades esportivas com Thomaz, Ginu e Arnaldo; Nego, Iberê e Bento; Odir. Ítalo, Juvenal, Raul e Laudo. Em 1ºde janeiro de 1948 surgiu em substituição ao Anápolis Esporte Clube a Associação Atlética Anapolina. A primeira partida da Anapolina no Manoel Demóstenes foi em 18 de abril de 1948, quando venceu o Ferroviário de Araguari por 3 x 2.

Sob a presidência de João Beze, surgiu em abril de 1951 o Anápolis Futebol Clube em substituição à União Esportiva Operária. Em 10 de junho de 1951, foi disputado o primeiro clássico Anapolina x Anápolis, com vitória da rubra por 2 x l. Júlio Puglisi e Zeca Puglisi marcaram os gols da rubra...

Raul Silva, o craque anapolino (II)

Publicado na edição de 30/05/2010 do jornal Diário da Manhã

Em seu livro “Sou anapolino, com muito orgulho”, dr. Wolney Ronaldo Silva, conta fatos históricos da vida do seu pai Raul Silva, como craque de futebol, alfaiate e motorista. Narra as aventuras de Raul viajando para o Norte, onde muitas vezes era obrigado a adiar em um dia a saída, pela precariedade das estradas, mesmo dentro de Anápolis. Conta o drama que era ir de Anápolis a Goiânia passando pela serra da Sozinha, hoje no município de Goianápolis. Caminhão em dia de chuva levava horas para vencê-la. Ônibus subia a Sozinha de ré. Como alfaiate, Raul era exímio profissional. O único de Anápolis que fazia paletó sem costura. Seu brilho maior, onde fez história, foi no futebol. Pela sua vida podemos compreender melhor a história do futebol anapolino.

Na inauguração do campo do sítio ( João D`ai)- Jundiahí, em 3 de setembro de 1933, Annápolis Sport Club( futura Associação Atlética Anapolina) enfrentou a União Sportiva Ypamerina, campeã do Sul do Estado, vencendo por 4 x 1. O primeiro gol foi marcado por Vicente Puglisi, conforme reportagem do jornal “ a Voz do Sul,” de setembro de 1933. O historiador João Asmar assim relata o evento numa de suas crônicas da época: “ A inauguração desse novo campo foi uma grande festa. O jogo foi colossal, animado, bem disputado e sem violência.” O Annápolis, nessa partida, jogou com Tonico Puglisi, Teófilo, Mecânico e Cardosinho; Thomaz, Chico Veloz e Nenem Nargnari: Vicente Puglisi, Solico, Raul, Arnaud e Joaquim da Honorata.

Em 1933, com apenas l6 anos, Raul Silva foi lançado no time principal do Annápolis num jogo que aconteceu na cidade de Goiás. Os dirigentes da equipe tiveram que solicitar permissão ao seu pai, Emidio Estevão da Silva, para que ele pudesse viajar e jogar. Em 1936 o presidente annapolino, Gisberto Ferraresi, trouxe o Ituverava Esporte Clube, de Ituverava-SP, para jogar contra seu time em Anápolis. O resultado foi de l x 1. Primeiro jogo interestadual realizado no município.

Sob a presidência de João Isaac Abrão, em 1938, foi fundada a União Sportiva Operária (futuro Anápolis Futebol Clube) que passou a ser principal adversária do Annápolis Sport. Seu uniforme , no momento da fundação, era camisa listrada na vertical amarela e branca. Posteriormente, camisa branca e uma listra horizontal preta, com 10 cm de largura. Seu emblema era um losango branco com as iniciais U.S.O. Assim como o Annápolis se transformaria na Associação Atlética Anapolina a Operária transformar-se-ia em Anápolis Futebol Clube. Daí a rivalidade entre as duas equipes.

Em l940, já bastante endividado o Annápolis Sport Club encerrou provisoriamente suas atividades e seus jogadores se transferiram para a União Operária. Em 1941 o campo do Jundiahí foi leiloado para pagar dividas do Annápolis. No mesmo ano foi a vez da Operária encerrar suas atividades esportivas e os atletas irem para o annápolis que retornava às atividades. No final de 194l, com o leilão do campo do Jundiahí e retorno do Annápolis foi inaugurado o Campo Novo, perto do Cemitério Velho – hoje Praça Americano do Brasil – que funcionou alguns meses.

Dia 17 de maio de 1942 foi inaugurado o Estádio Manoel Demóstenes, em terreno cedido pelo fazendeiro José Gomes de Paula, ao lado da estrada de ferro e próximo à Induspina e armazem-máquina de beneficiar arroz da família Pina. O campo foi construído pelo prefeito nomeado, Manoel Demóstenes Borba da Siqueira. A primeira partida disputada no novo estádio foi entre Annápolis e América de Morrinhos, com placard de Annápolis 5 x l Amárica. Riograndino, do Anápolis, foi o autor do primeiro gol no Manoel Demóstenes...

sábado, 5 de junho de 2010

Raul Silva, o craque anapolino (I)

Publicado na edição de 23/05/2010 do jornal Diário da Manhã

“Sou anapolino, com muito orgulho!”, livro de autoria do médico especialista em Neurologia e Neurocirurgia, Wolney Ronaldo Silva, sobre a vida do seu pai, Raul Silva, um dos mais perfeitos atletas de futebol que atuaram em campos anapolinos. Filho de Emídio Estevão da Silva e Adelaide Nunes de Moraes, nasceu dia 28 de julho de 1917, em Anápolis. Casado com Jupira Miotto tiveram cinco filhos: Wolney, Vânia Vitória, Neuza Maria, Eleuza Aparecida e Walter Raulino. Raul recebeu insistentes convites para ser atleta profissional e ingressar no Botafogo de Ribeirão Preto, Fluminense do Rio de Janeiro e Portuguesa de Desportos de São Paulo. Recusou todos os convites, por não conseguir morar longe de Anápolis. Como a maioria dos jogos disputados por Raul não foi de campeonato, inexistia à época a Liga Anapolina de Desportos ou qualquer outra entidade que administrasse o futebol, não se sabe ao certo quantos gols marcou. Seus colegas afirmam não se lembrarem de uma só partida em que não fizesse gol. Para os que o viram jogar, afirmam com convicção de que foi o maior artilheiro do futebol anapolino, em todos os tempos.

Em “Sou anapolino, com muito orgulho!”, Wolney conta não só a trajetória gloriosa do seu pai como atleta, mas a história do futebol anapolino iniciada no final de 1921 com o surgimento do Bahia Sport Club, a primeira equipe de futebol em Anápolis, até o advento do profissionalismo, em 1965. Num trabalho de pesquisa estafante, o autor revela fatos interessantes e marcantes do futebol no município, como:

Surgimento no final de 1921, do Bahia Sport Club, em homenagem ao farmacêutico Faustino Plácido do Nascimento, baiano residente em Anápolis, doador do terreno na Praça do Bom Jesus, para o primeiro campo de futebol na cidade. As camisas do Bahia eram vermelhas e calções brancos. O primeiro jogo do Bahia Sport foi no ano 1922, contra o representante de Pouso Alto – hoje Piracanjuba, vencendo por 2 x 1. Em 1922, surgiu o Cruzeiro do Sul, de camisas azuis e poucas informações a seu respeito. Em 24/12/1925, o Bahia fez o primeiro jogo fora da cidade. Enfrentou o União Sportiva Goyana, na cidade de Goiás.

Entre final dos anos 30 e início de 1931, surgiu o Annapolis Sport Club, resultado da fusão de Bahia e Cruzeiro do Sul. Seu presidente interino, aquele que participou da organização da nova equipe, foi o dr. Manoel Gonçalves Cruz. No dia 07/02/l931, o Annápolis Sport disputou sua primeira partida, em Anápolis, vencendo A.A.União Goiyana, da cidade de Goiás, por 2 x 1, debaixo de forte chuva. No mesmo ano de 31, no dia 11 de fevereiro, foi eleita a diretoria definitiva do Annápolis Sport Club, sob a presidência do médico Genserico Gonzaga Jayme. Em abril, já sob a presidência do dr. Genserico, o Annápolis foi a Goiás enfrentar a A. A. União Sportiva Goyana, numa viagem que durou 15 horas. O jogo terminou empatado em 2 x 2. Esse era o mais famoso clássico do futebol goiano.

Em 03 de setembro de 1933, o Annápolis Sport Club passou a jogar no Campo do Jundiahy, cujo terreno pertencia ao sítio conhecido como João D’ai, adquirido por R$ 400.000,00 (quatrocentos mil réis). O campo ficava perto das atuais ruas Dr. Faustino e Joaquim Propício de Pina, no Bairro Jundiaí. Era todo cercado de muro de taipa, para que houvesse a possibilidade de se cobrar ingresso.

Segundo o historiador e professor João Asmar, querendo um campo melhor estruturado que o do Largo do Senhor Bom Jesus,“ com o esforço de um punhado de homens, afeiçoados ao esporte, foi comprada uma gleba de chão, no sítio conhecido por João D’ai. Ao se lavrar a escritura, o sr. Narceu de Almeida, então titular do Cartório do 2º Ofício, também esportista, mencionou o lugar como sendo Jundiahí. O nome pegou firme...”

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Os honestos lavam a alma nos tribunais

Publicado na edição de 03/06/2010 do jornal Diário da Manhã

Ernei de Oliveira Pina é um cidadão muito conceituado em Anápolis. Médico, integrante das tradicionais famílias Pina e Fanstone, desempenhou com competência a função de secretário municipal da Saúde, no município. Sua administração se destacou pela saúde plenamente municipalizada, inúmeros Programas de Saúde da Família (PSF) implantados, combate rigoroso ao mosquito Aedes aegypty e eficiente parceria com a rede de laboratórios, clínicas e hospitais particulares. Conseguiu reduzir a falta de medicamentos nos postos de saúde e as filas quilométricas no Hospital Municipal.

Ao final do seu trabalho, Ernei de Pina foi surpreendido por uma avalanche de denúncias, osquestrada pelo ex-prefeito Ernane de Paula, baseada em interpretação equivocada da análise das contas da Saúde, feita pelo Tribunal de Contas dos Municípios. Em pouco tempo, o secretário, de cidadão honrado, competente e sério, foi transformado em desonesto, gastador irresponsável e agente público que agia a favor do grupo ao qual era vinculado, para obter vantagens pessoais.

Denúncias sensacionalistas, calcadas em premissas falsas, foram estampadas em sucessivas manchetes de alguns jornais, manchando a reputação daquele que fora avaliado pelo povo anapolino, um dos melhores auxiliares do prefeito Pedro Sahium.

A repercussão da equivocada interpretação das observações feitas pelo TCM não se limitou a Anápolis ou Goiás. As mesmas observações maldosas, desprovidas de qualquer sustentabilidade, foram encaminhadas à revista IstoÉ, de circulação nacional, divulgadas com estardalhaço, sem nenhum compromisso com a verdade.

Depois de sucessivas entrevistas amplamente documentadas, destruindo todas as falsas denúncias, Ernei de Oliveira Pina, recorreu ao expediente que qualquer pessoa sensata e cônscia da sua responsabilidade recorre: levou seus detratores às barras dos tribunais. Certo de que a verdade haveria de prevalecer, aguardou pacientemente a decisão da Justiça. Na semana passada, saiu o julgamento da ação proposta em desfavor da revista IstoÉ, condenando-a pagar ao médico Ernei de Pina, R$ 18.000 (dezoito mil reais) por danos morais. Obrigou a revista publicar a verdade dos fatos em espaço igual ao da denúncia caluniosa.

Defender-se na Justiça sempre foi obrigação de qualquer pessoa que se sinta difamado, injuriado, caluniado ou ofendido em sua honra. Num momento como o que estamos vivendo, essa responsabilidade é ainda maior. Poucos são os que, desempenhando uma função pública, conseguem chegar ao final da missão sem serem chamuscados por denúncias que denigram ou manchem sua reputação. O maior patrimônio de uma pessoa de bem é o seu nome. Fama e poder passam. Só o nome fica para a eternidade. Para as pessoas sérias, mesmo com a morosidade do processo, o caminho é a justiça. A liberdade de imprensa é exigência de toda sociedade democrática, mas a obrigação do jornalista é pautar suas reportagens e conceitos em cima de fatos reais, verdadeiros. Ninguém tem o direito de agredir os outros por capricho político ou desavença pessoal. Isso é crime. Crime é resolvido nas barras dos tribunais.