quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Rombo no BEG poderia ter sido maior

Pubicado na edição de 19/08/2010 do jornal Diário da Manhã

Na reportagem concedida a Vandré Abreu, da editoria de Economia do Diário da Manhã, na edição de sábado, dia 14 de agosto de 2010, o ex-presidente do Banco do Estado de Goiás Walmir Martins de Lima apresenta sua defesa frente as acusações que lhe pesam pelo rombo ao BEG, de R$ 1,35 bi. Sob seu comando aquela instituição financeira teria realizado verdadeiro festival de ações irresponsáveis. Uma melhor explicação deve ser prestada pelo ex-presidente.

O primeiro questionamento já foi feito por um dos acusados como responsável pelo rombo, o ex-governador Maguito Vilela: “ por que Walmir Martins só faz a denúncia agora, onze anos após a venda do banco? Qual o interesse do denunciante em botar a boca no trombone, em plena campanha eleitoral?” Não concordando com o uso político criminoso do Banco do Estado de Goiás, por governantes estaduais, enquanto foi diretor comercial da instituição de 1991-1994 e seu presidente de 1995 a janeiro de 1999, por que Walmir não deixou o banco e denunciou os governantes que, segundo afirma, o obrigavam a cometer irregularidades?

Segundo a reportagem, em seu livro Os coveiros do BEG, Walmir Martins de Lima afirma que as empreiteiras que executavam obras no Estado deviam ao banco, em 4 de novembro de 1966, a expressiva quantia de R$ 28.669.642,92, enquanto a dívida do governo às empreiteiras do Dergo, no período de 1991 a 1994, bancadas pelo BEG, correspondia R$ 38.807.965,37. Disso se conclui que a empreiteira executava a obra, mas como o Dergo não pagava, recorria ao BEG e obtinha empréstimos que, em quase sua totalidade, depois de vencidos, não eram pagos, sendo provisionados.

Ainda segundo Walmir Martins, o verdadeiro rombo do BEG chegou a mais de R$ 1,35 bi. Só da dívida mobiliária foram R$ 738 milhões. Mais US$ 180 milhões em dívidas de antecipação de receita orçamentária ao Tesouro estadual, em empréstimos não honrados e adiantamentos a depositantes (pagamentos de cheques sem fundos) a orgãos do Estado, provisionado no período de 1983-1986. Com empreiteiras a dívida em 1999 chegou a R$ 40 milhões...

Fosse lícito proceder como a diretoria do BEG procedeu, de acordo com o narrado no livro do ex-presidente da instituição Walmir Martins, teria havido incompetência da diretoria do banco, no governo Henrique Santillo. Por ser extremamente ético e zeloso, Henrique terminou sua administração amargurado pela crise financeira que abalou a estrutura do Estado. Crise originária na falta de respeito de José Sarney ao governador de Goiás e mesquinharia política de Collor de Melo.

Quando foi lançar o Programa de Pavimentação Municipal – PPM, Henrique Santillo conversou e recebeu sinal verde do presidente Sarney, em financiá-lo pela Caixa Econômica Federal. Passadas as eleições, o presidente da República não honrou a palavra empenhada. Usou mil e uma desculpas para não realizar o empréstimo. As empresas credoras queriam e precisavam receber do Estado. O governador usou do único expediente legal que dispunha: emissão de Letras do Tesouro Estadual. Saldou todos os compromissos do Estado com as empreiteiras, sem comprometer sua estabilidade financeira. O Banco do Estado de Goiás foi o avalista das letras que venceriam a longo prazo.

Fernando Collor ao assumir a presidência proibiu que Estados e municípios emitissem Letras do Tesouro. Tornou nulas as já lançadas ao mercado. Henrique Santillo, para não prejudicar o BEG, avalista das letras que emitira, as resgatou dentro da sua administração. Para isso usou grande parte do Fundo de Participação do Estado – FPE. Enormes parcelas eram retidas pelo Banco Central, mensalmente, dentro do curto espaço de tempo que ainda dispunha como governador. O valor total das letras foi pago pelo governador Henrique Santillo. Ficou sem recursos para bancar as mínimas despesas da máquina administrativa, no dia a dia.

Tivesse Janides Fernandes, presidente do BEG no seu governo, recebido crédito podre das empreiteiras, sem nenhum valor, lhes fazendo vultosos empréstimos desprovidos de garantia, o BEG se endividaria, quebraria mesmo, mas o governador terminaria seu governo sem crise financeira. Como garantia bastaria a promessa dos empresários, “quando o governo pagar, eu pago ao banco.” Isso teria ocorrido na gestão Walmir Martins de Lima, de acordo com seu próprio relato em Os coveiros do BEG. Fizesse como outros fizeram, Santillo não enfrentaria a tormenta que enfrentou. O “mico” seria apenas mais um escândalo a ser contabilizado nos prejuízos do Banco do Estado de Goiás. Seriam alguns milhões de reais à mais no seu rombo bilionário, final. Coisa normal no entendimento dos que não têm compromisso com a seriedade administrativa. O ex-presidente Walmir Martins de Lima disse que o BEG sempre foi usado políticamente pelos governadores. Janides Fernandes não usou indevidamente o BEG como moeda de troca, negociatas ou motivação política. Prova que no governo Henrique Santillo o BEG não se envolveu em negócios nebulosos, escusos e nocivos à sua saúde financeira.

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