segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Que falta faz Henrique Santillo


Por Orisvaldo Pires, jornal Estado de Goiás, 7/7/2010
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O momento político de Anápolis, porquanto a cidade busca reconquistar sua força e representatividade política exige posições e ações eficientes, maduras, rápidas, decididas. Ao analisarmos nossa história política contemporânea, percebemos que para alcançarmos este objetivo estamos cada dia mais necessitados da força e da visão de homens como Henrique Antônio Santillo, de saudosa memória. O político que em vida se tornou mito e após a morte se perpetuou como figura sui generis na condução de Goiás rumo ao desenvolvimento.

A política é uma prática democrática, mas movida a partir de decisões tomadas por homens de pulso forte. No momento em que a delicadeza se faz necessária nas discussões, de sua boca brotam orientações que nos tocam como a brisa leve de uma manhã de primavera. Mas, se o posicionamento exige firmeza, de seus atos e decisões emanam relâmpagos que clareiam a noite e prenunciam a chuva que fecunda a terra. Deste chão nascem idéias transformadoras, forjadas na experiência de quem sabe a hora de dizer sim e de dizer não.

Os caminhos do amadurecimento político não são cobertos de flores e perfumes, desenhados com raios de sol ou animados pela melodia dos sorrisos. Na maioria das vezes é pedregoso, cheio de espinhos e não menos livre de cizânia. Atravessar esse caminho exige habilidade e sapiência. Nesses momentos sentimos a falta de homens como Henrique Santillo. No período de 23 de agosto de 1937 a 25 de junho de 2002, esse paulista de Ribeirão Preto de nascimento, e anapolino de Sant’ Ana das Antas de coração, acumulou a maior riqueza que um ser humano pode almejar: conhecimento e respeito.

Henrique Santillo, exemplo para muitos políticos da atualidade, exerceu praticamente todas as funções públicas de destaque. Foi de vereador a ministro de Estado. De um lado teve habilidade e firmeza para conduzir, enquanto governador, o processo de desmembramento de Goiás e Tocantins; e de outro exteriorizou a humildade de espírito ao caminhar pelas ruas pedindo votos na campanha para prefeito de Anápolis, logo depois de comandar as ações da Saúde no Brasil como Ministro. Uma comovente demonstração de amor por Anápolis, cidade cujos interesses colocava acima de qualquer outro.

A trajetória que começou em 1965, quando se elegeu para a Câmara de Vereadores, passando pelo mandato de prefeito (1969-1972), deputado estadual mais votado (1975-1979), senador da República por Goiás (1979-1987), governador de Goiás (1987-1991), ministro da Saúde (1993-1995), secretário estadual de Saúde (1999), conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (1999-2002) órgão que presidiu em 2002, rendeu frutos essenciais para o desenvolvimento de Anápolis, de Goiás e do Brasil. Santillo participou de forma corajosa na campanha pelas Diretas, tem participação efetiva no advento dos genéricos no País e priorizou projetos históricos na defesa de uma saúde de melhor qualidade principalmente dos mais pobres.

As marcas de Henrique Santillo na saúde em Anápolis são indeléveis. Não precisamos enumerar todas. Basta falar da concepção do Hospital de Urgências, que leva seu nome, projeto executado pelo discípulo Marconi Perillo; a construção dos Centros de Atendimento Integrados de Saúde (Cais) do Jardim Calixto e Progresso, e algum tempo depois a implantação do sistema de atendimento 24 horas; o laboratório do Teste do Pezinho (Apae); o Hospital Oncológico Dr. Mauá Cavalcanti Sávio; aquisição de equipamentos e construção de novas alas da Santa Casa de Misericórdia; Hospital da Criança na Vila Jaiara; apoio ao Hospital do Hanseniano no Bairro Novo Paraíso; entre outros.

Que sentimentos movem um homem que, imediatamente após deixar o Ministério da Saúde, volta a atender normalmente como médico, de graça, em seu consultório no Hospital da Criança na Vila Jaiara? Que se compadece com o pobre que precisa de assistência médica? Que exemplos nos deixa um político que, depois de 37 anos ocupando os mais importantes cargos políticos nos âmbitos municipal, estadual e federal, na gestão de orçamentos bilionários, com a força de poderes imensuráveis, chega ao fim da vida com simplicidade, sem riquezas materiais e referenciado como um dos mais respeitados políticos do Brasil? Em momentos como agora, quando nos vemos tentando equilibrar na tênue linha que separa um passado de sonhos de um futuro de realizações, passamos a entender a importância de homens como Henrique Santillo.

Um comentário:

  1. Gostaria de dividir com vcs que ele foi responsável em 1968 pelo diagnóstico de uma doença gravíssima que fui portador, que se chama anemia falciforme.Meus pais na época peregrinaram por vários lugares sem sucesso até que este grande médico, Dr.Henrique Santillo, fez meu diagnóstico. Este ano a anemia falciforme completa 100 anos do primeiro diagnóstico que aconteceu nos EUA em 1910. Obrigado. Sempre serei grato.
    Elvis Silva Magalhães- Brasília-DF
    anemiafalciformebrasilia.blogspot.com

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