quinta-feira, 11 de novembro de 2010

A Quebra da Unidade Peemedebista em Goiás (II)

Ulysess Guimarães confirmou a Henrique Santillo que Iris Rezende Machado e Joaquim Domingos Roriz estavam vetados de participarem da sua chapa para o diretório nacional do PMDB. Vetados porque ocupavam cargos de confiança na administração José Sarney. Visando evitar que os vetos afetassem a unidade do partido em Goiás, o governador Henrique Santillo, programou reunião com Iris e Roriz, para decidirem o que fazer.

Não havia muito o que fazer, pois os vetos foram anunciados pela figura mais importante do partido, o presidente Ulysses Guimarães. Até aquele instante se discutia chapa única. Tradicionalmente o diretório nacional era formado por consenso. Não se acreditava que alguém tivesse disposição para desafiar Ulysses Guimarães.

Ficou acertado no encontro de Henrique Santillo, Iris Rezende Machado e Joaquim Domingos Roriz, que o governador não participaria do diretório nacional. Gesto de solidariedade do governador para com os companheiros vetados. Os três ficariam fora para que não houvesse ressentimentos e constrangimentos que pudessem afetar a harmonia existente no PMDB de Goiás.

Contrariado com os vetos, o presidente José Sarney decidiu bater chapa com Ulysses Guimarães. Organizou sua chapa branca. Encabeçou a chapa palaciana, a chapa Sarney, o paraense Jader Barbalho, ministro da Reforma Agrária. Todos os peemedebistas que forma vetados teriam que fazer parte compulsoriamente, da chapa de oposição a Ulysses Guimarães. O governador Henrique Santillo foi comunicado por Iris Rezende e Joaquim Roriz da decisão tomada por Sarney.

Após ouvi-los, o governador argumentou que o que haviam decidido valeria também em relação a chapa comandada por José Sarney encabeçada por Jader Barbalho. Henrique não participaria da chapa de Ulysses Guimarães enquanto Iris e Roriz não figurariam na chapa oficial de Sarney, para que o PMDB garantisse a sua unidade que era sólida em Goiás. Iris e Roriz disseram ao governador Santillo que a presença deles na chapa de Sarney era exigência do presidente. Se eles ficassem fora teriam que deixar os cargos que ocupavam: ministro da Agricultura e governo do Distrito Federal. Henrique Santillo, sentindo o drama dos companheiros vetados por Ulysses, não participaria da chapa oficial do PMMDB, ficando fora do diretório nacional para garantir a unidade do PMDB em Goiás.

As duas correntes fizeram campanha em todo País. A chapa organizada por Sarney obteve praticamente 40% dos votos válidos na Convenção. Isso garantiu as presenças dos auxiliares do presidente da República no diretório do PMDB. Henrique Santillo ficou fora. A partir daquele instante iniciava a divisão profunda no PMDB em todo Brasil. De um lado, Ulysses Guimarães, o grande líder da redemocratização, das Diretas Já e da Assembleia Constituinte; e do outro, o ex-arenista José Sarney, com o poder da máquina adminstrativa e cargos para oferecer aso afilhados políticos.

Com essa nova composição peemdebista foi feita a discussão interna para a a escolha do candidato que representaria o partido na eleição daquele ano, à Presidência da República. A disputa interna para a formação do diretório nacional do PMDB, embora vencida por Ulysses Guimarães, enfraqueceu bastante sua autoridade junto aos peemedebistas. Companheiros históricos, como Waldir Pires e Álvaro Dias, que fizeram parte da sua chapa, pleitearam a pré-candidatura à Presidência da República pelo PMDB, em confrontoa Ulysses Guimarães, candidato natural do partido.

Divisão na base autêntica do PMDB deu a José Sarney chance de lançar candidato seu à presidência. Contando com os 40% dos integrantes do diretório nacional do PMDB e mais os convencionais de todo Brasil que votaram na chapa encabeçada por Jader Barbalho, previa que aquele era o momento de destronar Ulysses Guimarães. Para Sarney não importava a viabilidade eleitoral do seu candidato. O importante era enfraquecer Ulysses dentro deo PMDB. Ou até desmoralizá-lo caso viesse a perder a convenção. Sarney acreditava que Ulysses deixaria a presidência ou se afastaria do PMDB. Sem Ulysses, os adesistas e oportunistas que hoje comandam o partido nacionalmente assumiriam sua direção. Ulysses era estorvo para os que queriam um PMDB para Sarney.

Por isso cresceu o movimento entre os sarneystas para que fosse lançado pré-candidato à Presidência da República...

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