segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Por Não Se Dobrar, Foi Perseguido

O vereador Walmir Bastos Ribeiro foi o grande sacrificado pela briga interna no MDB de Anápolis. Nas eleições de 1970, Walmir Bastos Ribeiro se candidatou à reeleição. Apoiou minha candidatura a deputado estadual e Fernando Cunha Júnior a deputado federal. Fiz dobradinha com Anapolino de Faria que buscava sua reeleição a deputado federal. Wolney Martins de Araújo e Ronaldo Jayme, também candidatos a deputado estadual, apoiaram Fernando Cunha. Raul Baduíno, que antecedeu Henrique Santillo na prefeitura de Anápolis, foi candidato a uma das três vagas ao Senado. Vagas abertas com o final do mandato de José Feliciano Ferreira e as cassações de Juscelino Kubitschek e Pedro Ludovico Teixeira. Pedro Ludovico Júnior e Gerson de Castro Costa completaram o trio emedebista. Pela Arena, participaram e foram eleitos Osires Teixeira, Benedito Vicente Ferreira ( o Benedito Boa Sorte) e Emival Caiado. Terminadas as eleições, o grupo mais conservador do MDB rompeu politicamente com Henrique Santillo. Três dos dez vereadores que pertenciam à bancada, Lincoln Xavier Nunes, Pedro Sergio Sobrinho e João Divino Cremonez passaram a votar com os cinco arenistas na Câmara Municipal. Com isso, a bancada de apoio ao prefeito que representava 2/3 dos vereadores, passou a ser minoritária de 7 contra 8. Os adversários de Henrique Santillo queriam a presidência da Câmara Municipal. Era preciso co-optar Wlamir Bastos, o presidente.

Convidado para um almoço com os emedebistas que conspiravam contra Santillo, Walmir, bom de garfo e estômago, comeu muita leitoa, churrasco de picanha e contra-filé. Bebeu whisky (18 anos) de várias marcas. Ouviu música ao vivo e recebeu infinidade de cumprimentos e tapinhas nas costas. Ao final da confraternização, seus organizadores e líderes do movimento, vendo que o vereador estava no ponto, passaram ao que lhes interessava. Apanharam assinaturas dos presentes num manifesto de contra Henrique Santillo. Ao solicitarem a assinatura de Walmir:

- Não sou golpista! Não faço jogo da ditadura! Fico com Henrique.

Desgostosos com sua atitude, Walmir passou a sofrer perseguição dos orgãos de repressão em Goiás. Foi preso pela Delegacia de Ordem Política e Social - DOPS e Exército, em Brasília.

Preso por agentes de polícia do Estado, ficou encarcerado em Goiânia por mais de duas semanas. Em liberdade, continuou exercendo normalmente seu mandato, presidindo o Legislativo. Na segunda vez, estava distribuindo panfleto sob o título: "Uma voz que não se cala diante das ameaças." Nesse panfleto, Wlamir denunciava ao povo de Anápolis as ameaças que vinha recebendo e pressão para renunciar a presidência da Câmara. Na terceira vez, estava comigo num Volkswagem, quando chegaram integrantes da Polícia Federal, fortemente armados, retirando-o do carrosob a alegação de que seria levado para prestar depoimento na sede da PF em Anápolis. Foi para o setor de investigações criminais do Exército, em Brasília, ficando preso por mais de 30 dias. Só foi solto quando assinou, ao major Leopoldino, responsável pelo inquérito, carta-renúncia do mandato. Para surtir os efeitos legais o documento teria de ser lido em sessão plenária da Câmara Municipal. O pedido de renúncia nunca apareceu. Walmir Bastos desempenhou seu mandato até o final.

Os golpistas queriam a renúncia ou afastamento do presidente, para que pudessem eleger um novo presidente para a Câmara, já que possuíam 8 dos 15 votantes. Com isso, pretendiam afastar Henrique Santillo da prefeitura. A resitência de Walmir Bastos, a toda violência contra ele, foi reconhecida por todos os democratas, como ato de bravura e heroísmo. Papel importante tiveram no desmantelamento dessas ações criminosas, Ulysses Guimarães, presidente Nacional do MDB e Jayro Brun, líder do partido na Câmara Federal.

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