quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Raul Balduíno e o MDB ( I )

Raul Balduíno de Souza, médico, natural de Posse-Go, foi importantíssimo para que o Movimento Democrático Brasileiro de Anápolis se constituísse no expoente máximo da resistência democrática em Goiás. Embora tenha militado politicamente em Posse, foi em Anápolis que se destacou, transformando-se numa das mais importantes figuras da resistência democrática do Estado, nos anos 60.

Jonas Ferreira Alves Duarte terminava em 1965 seu mandato como prefeito. Realizou administração progressista. Estruturou a administração municipal. Seu trabalho precisava ter continuidade. Naquele ano seriam realizadas as eleições para prefeitos e governadores em todo Brasil. As eleições legislativas para a Câmara de Vereadores, Assembleia Legislativa, Câmara Federal e Senado seriam no ano seguinte, 1966. Jonas pertencia ao PTB, aliado do PSD na cidade. Não havia o instituto da reeleição. Seu partido não preparara um nome para sucedê-lo. Aliás, valiam mais os acordos de última hora que preparo de nomes. O principal auxiliar do prefeito, Euripedes Barsanulfo Junqueira, braço direito de Jonas Duarte na administração, era cotado. Ninguém conhecia mais das coisas da prefeitura que ele. Preferiu não disputar. Euripedes sabia que para vencer a eleição teria que buscar apoio fora da base de apoio situacionista. Por ser amigo e muito próximo ao prefeito, receava que não conseguisse aglutinar em torno do seu nome, forças políticas contrárias.

O adversário era fortíssimo, Henrique Maurício Fanstone. Se transformara na sensação da política anapolina desde o instante em que venceu Ítalo Naghettíni, genro do cel. Achilles de Pina, na disputa para a vice prefeitura no pleito de 1960. O eleitor tinha o direito de votar em candidato a prefeito, governador e presidente da República de uma legenda e vice de outra legenda. Isso aconteceu a nível nacional em que Jânio Quadros se elegeu presidente da República pela UDN e o vice João Goulart, pertencia à coligação PTB/PSD. Fanstone (UDN) foi eleito vice ao lado de Jonas Duarte(PTB-PSD). Passava, o tempo e o prestígio de Henrique Fanstone crescia cada vez mais.

Sem contar com um nome popular, as lideranças do PTB e PSD partiram a procura de alguém sem militância política no município. Que não fosse político tradicional. Raul Balduino de Souza possuía esse perfil. Médico conceituado, ruralista, ex-presidente do sindicato rural de Anápolis e diplomata por excelência. Preenchia todas as condições para enfrentar o candidato udenista o também médico, Henrique Fanstone. Além disso, Raul era o único que poderia atrair parte importante da UDN municipal. A liderada pelos Caiado. Companheiros de Edenval e Elcival não apoiavam Fanstone. Caiadistas o responsabilizavam pela derrota de Emival Caiado para Otavio Lage de Siqueira, na convenção udenista.

A velha UDN queria Emival. Ele não tinha dúvida que enfrentaria Peixoto da Silveira, candidato do PSD. Perdeu para o engenheiro Otavio Lage, prefeito de Goianésia. O articulador de Otavio na convenção, teria sido Henrique Fanstone. Grande era o ressentimento. Os Caiado não votariam em Fanstone. Da mesma forma não se dispunham a apoiar candidato que fosse militante tradicional do PTB ou PSD. Em Raul Balduino votariam.

Confirmada a candidatura de Raul, os Caiado montaram comitê Otávio Lage-Raul Balduíno, no centro da cidade. João Beze foi o principal comandante do Comitê, conhecido como Comitê do Meio.

Henrique Fanstone arrastava multidões aos seus comícios. O povo ia a pé a todos eles. Seus eleitores deliravam quando atacava os adversários. Esse entusiasmo da massa fanatizada, revigorava cada vez mais suas ironias. Os comícios de Fanstone eram transmitidos ao vivo pela Rádio Imprensa e os de Raul Balduíno pela Rádio Carajá. A forma de expressar de Henrique Fanstone agradava seus eleitores, mas o distanciava do eleitorado mais observador. Aqueles que se definem pelo candidato no curso da campanha. Pela sua forma irônica ao atacar o concorrente, se afastava desse eleitorado.

Raul Balduíno, tranquilo ganhava força a cada instante. Seu valor pessoal, prestígio de Jonas Duarte e aliança com o grupo Caiado: Otávio para o governo e Raul para prefeitura foram fundamentais para seu crescimento eleitoral. Henrique Fanstone e Raul Balduino, embora à época não houvesse pesquisa de intenção de votos, chegaram ao pleito, em igualdade de condições. Apurados os votos na cidade de Anápolis, Henrique Fanstone estava à frente. Abertas as urnas do distrito de Souzânia, Raul tirou a diferença e venceu por 222 votos.

Raul Balduíno foi excelente prefeito. Na formação dos partidos em 1966, ficou com o MDB. Deu credibilidade e sustentação ao partido que estava surgindo. Ao final do mandato em 1969, era apontado como o companheiro ideal para ser vice de Iris Rezende Machado, que estava sendo preparado como candidato do MDB, ao governo de Goiás em 1970.

Nenhum comentário:

Postar um comentário