terça-feira, 10 de abril de 2012

Prefeito José Batista Júnior cassado

José Batista Júnior assumiu a Prefeitura dando sequência ao trabalho que vinha sendo realizado por Henrique Santillo. Era um trator para trabalhar. Muito disposto, chegava à Prefeitura, onde hoje funciona a Câmara Municipal, nas primeiras horas do dia e só a deixava no inicio da noite. Continuou com a prática das ações concentradas levando, de 15 em 15 dias, benefícios aos moradores dos bairros. Por ocasião do 66º Aniversário de Anápolis (31/07/1973), realizou a Feira da Amostra da Indústria Anapolina - Faiana, no local onde hoje fica a Praça Abílio Wolney e a Prefeitura Municipal. Parte do brejo ali existente foi drenada, e aterrada, propiciando as condições para abrigar a feira.


Empolgado com o cargo e o trabalho que realizava, José Batista procurava se aproximar da Administração Estadual. Estava preocupado, principalmente, em fazer parceria com o, então, Governador Leonino Caiado, no setor da Segurança Pública. Vinha tentando, desde a sua posse, audiência com o Governador e o Secretário da Segurança Pública. A audiência foi marcada pelo secretário para as 10 horas do dia 28 de agosto. Ao chegar à Secretaria, ele foi informado, por assessores, que a audiência fora suspensa. Retornou imediatamente a Anápolis. Ao se aproximar do povoado de Santa Tereza, hoje Terezópolis de Goiás, ouviu notícia extraordinária, pelo rádio do seu carro, que o presidente Emilio Garrastazu Médici, havia, por decreto, transformado o Município de Anápolis em ‘Área de Interesse da Segurança Nacional’, cassando seu mandato de prefeito e nomeado o engenheiro Irapuan Costa Júnior, então, Presidente da CELG, a prefeito em sua substituição. José Batista Júnior nem passou na Prefeitura para apanhar seus pertences pessoais.

A cassação de José Batista Júnior foi ato covarde. Toda cassação que se deu durante o período ditatorial foi arbitrária, injusta, prepotente e covarde. Não se cassou ninguém por corrupção. As cassações se deram por motivação política. A de José Batista não foi diferente. Perdeu o mandato e os direitos políticos por que foi eleito prefeito pela maioria dos eleitores anapolinos. Foi cassado por que tinha o apoio e o respeito da população. Os arenistas, como não conseguiam ganhar eleição em Anápolis, decidiram tomar a Prefeitura com a transformação do Município em Área de Interesse da Segurança Nacional, cassando o mandato do prefeito eleito.

Cassado, impedido de ocupar cargo público, José Batista Júnior mudou-se para Brasília onde montou uma panificadora. Sem prática no ramo, pequena clientela e funcionando em lugar pouco habitado, em pouco tempo teve que abandonar a atividade. Foi convidado, pelo presidente da Encol, empresa ligada à construção civil e empreendimentos agrícolas na Região Norte, para administrar uma fazenda no interior do Amazonas. Ficava até oito meses sem ver a família em Brasília. Só deixou as matas amazônicas quando veio a anistia política. Readquirindo seus direitos políticos o levei para trabalhar no meu gabinete na Câmara Federal.

Hoje, José Batista Júnior mora novamente em Anápolis. No dia 28 de agosto próximo completará 39 anos da sua cassação. Dia da maior injustiça cometida contra um anapolino que, por amar e acreditar na democracia enfrentou, com destemor, os ditadores de março de 1964. José Batista Júnior foi baluarte na luta contra a ditadura e os golpistas. Os democratas lhe serão eternamente gratos. Sua história honrou a bravura e o destemor dos anapolinos. Deve ser contada repetidamente, para que todos saibam, em detalhes, seu amor pelas liberdades democráticas... (Continua)

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