terça-feira, 30 de outubro de 2012

CPMI poderá chegar aos municípios


A grande imprensa nacional está noticiando que a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito que está funcionando no Congresso Nacional, durante os 60 dias em esteve de recesso por conta das eleições municipais, recebeu toneladas de documentos, envolvendo a Delta Construções e a Alberto & Pantoja Construções, com prefeitos, principalmente de Goiás, além de governadores estaduais e outras empresas, em atos suspeitos de corrupção. Graças aos sigilos fiscais, bancários e telefônicos quebrados pela CPMI, novas gravações realizadas pela Policia Federal, na Operação Monte Carlo, foram enviadas ao presidente da comissão.

Esperamos que os integrantes da CPMI prorroguem o seu tempo de duração, para que seja feita essa averiguação dos atos suspeitos e com indício de corrupção, em vários municípios em que a Delta Construções atuava, principalmente aqui na Região Centro-Oeste. Nada mais justo e natural que isso aconteça, pois alguns administradores tiveram seu nome lançado ao questionamento público e nenhuma oportunidade foi dada até agora para que eles se defenderem. Estão mal na boca do povo e precisam se explicar. Nada melhor que comparecerem à CPMI, num debate aberto e pluripartidário.

Um fato muito estranho, envolvendo a Delta Construções, que por certo não chegou e provavelmente não chegará à CPMI, aconteceu a partir de agosto deste ano, na prestação do serviço de varrição, coleta e armazenamento do lixo no aterro sanitário, em Anápolis:

Depois de acusada pela Justiça Federal do Estado do Tocantins de ter usado documento falso para participar e vencer a concorrência da limpeza pública em Anápolis, a prefeitura rompeu o contrato com a empresa, assim que as informações com toda documentação chegaram ao Ministério Público em Goiás, e foi aberto o inquérito para apurar a irregularidade.

Neste ano de 2012 a Delta foi a responsável pelo serviço de limpeza em Anápolis até o mês de julho. Nos sete meses em que trabalhou na execução desse serviço, a Delta recebeu R$ 3.400 mi. A partir de agosto o serviço foi entregue ao Consórcio GC Ambiental, que ficou em 2º lugar na licitação em que a Delta Construções foi a vencedora.

A partir dessa nova realidade na execução do serviço de limpeza da cidade, ficou comprovado que os preços praticados pela Delta e pagos rigorosamente em dia pela prefeitura, estavam muito acima dos de mercado.

Hoje a tomar por base os meses de agosto e setembro, executados pelo Consórcio GC Ambiental, a diferença é astronômica. Nas quatro medições oficiais apresentadas pela GC Ambiental, feitas em agosto, constantes do “Portal de Transparência da Prefeitura de Anápolis”, foram gastos R$ 1.7l0.025,15. Em setembro, ainda de acordo com informações oficiais constantes do Portal de Transparência da Prefeitura de Anápolis, as quatro medições custaram aos cofres do Tesouro Municipal, R$ 2.433.461.59. A soma do gasto com a limpeza pública do Município, nos meses de agosto e setembro, com o Consórcio GC Ambiental foi de: R$ 4.143.487,54. O gasto mensal com o serviço de limpeza, depois do afastamento da Delta Construções, passou a ser de R$ 2.071.743,77.

Só em 2012, a prefeitura municipal pagou à Delta Construções, mês a mês , R$  l.328 mil a mais que o pago mensalmente ao Consócio GC Ambiental. O pago à mais nos meses de janeiro a julho, à Delta Construções, foi de R$ 9.296 mi.
 O caso está entregue ao Tribunal de Constas dos Municípios que já investiga a denúncia feita pela Abrelpe, associação brasileira que congrega as empresas que prestam serviço de limpeza aos órgãos públicos, de que a Delta vinha, desde 2010, superfaturando o serviço prestado à Prefeitura de Anápolis.

Decidimos deixar o PMDB


Episódio importante da política goiana, mas pouco conhecido do grande público, aconteceu em 1980, quando da organização do diretório regional do MDB, já com vistas à eleição direta ao Governo Estadual, em 1982. O grupo Santillo, o mais atuante do MDB estadual, foi inexpressivamente representado na chapa elaborada pela Comissão Executiva que comandava o Partido. Ao sermos procurados para apoiarmos o diretório sugerido, dissemos ao deputado João Divino Dorneles, secretário geral, que não concordávamos com a desproporção entre iristas e santilistas na sua composição. Dos santilistas, praticamente, estavam listados os detentores de mandato. Estes, sempre figuraram, obrigatoriamente, em qualquer diretório que se formasse. As lideranças, sem mandato, eram quase todas ligadas a Íris. Como a escolha dos candidatos, principalmente ao Governo e ao Senado, dar-se-ia pela convenção partidária que obedeceria ao comando do diretório regional, ficou claro que uma disputa entre Íris Rezende e Henrique Santillo seria totalmente desigual. Exigíamos aproveitamento de inúmeros companheiros da capital e do interior que ficaram de fora.

De nada valeram nossas argumentações e protestos. Argumentavam que Íris Rezende Machado, uma das vitimas da prepotência da ditadura, por ter sido grande símbolo das injustiças cometidas pelos ditadores militares contra lideranças políticas goianas, deveria ser candidato do partido em 82, em resposta às truculências que praticaram. Mesmo porque, argumentavam que Henrique Santillo, como senador, tinha mandato até 1986. Como não havia o instrumento da reeleição para Governador, afirmavam que Henrique Santillo seria o candidato à sucessão de Íris. Não nos convenceram. Um racha de grande proporção foi desenhado dentro das hostes emedebistas. Concordávamos, tranquilamente, que os dois, Íris Rezende e Henrique Santillo se mantivessem pré-candidatos e trabalhassem junto aos companheiros, para que a escolha ocorresse na convenção. Só não aceitávamos integrar um diretório parcialmente formado para beneficiar a candidatura de Íris.

Fizemos uma reunião com companheiros de Anápolis, Goiânia e de todo o interior. Conversamos com Joaquim Roriz; Walter Rodrigues; Joceli Machado; Línio de Paiva; Onofre Quinan; Zequinha Roriz; vereadores; líderes estudantis; intelectuais; professores, líderes sindicais e decidimos que, ou se democratizasse a formação do diretório regional do PMDB, ou deixaríamos o partido.

Leonel Brizola nos convidou para o PTB. Até aquele momento ainda não havia acontecido a disputa entre Alzira Vargas e Brizola, pelo comando nacional do PTB, cujo desfecho foi favorável a Alzira. O comando do PTB pertencia a Brizola. Ficou certo com Brizola, caso decidíssemos pela sigla do partido trabalhista, essa nos seria entregue e ele viria a Goiás para seu lançamento oficial. Fizemos imediatamente a consulta aos componentes do grupo santilista e aqueles que nos acompanhariam à nova proposta partidária. A proposta foi aceita. A Exceção veio do grupo de Luziânia, comandado pelo deputado Joaquim Roriz e pelo prefeito Walter Rodrigues. Diziam que ingressar no PTB, dirigido por Brizola, tornaria o trabalho difícil, pelos antecedentes de Brizola como incentivador do “grupo dos onze”, no governo de João Goulart. Segundo os companheiros do Entorno, o partido chefiado por Brizola causava arrepios aos líderes rurais. Não era tido como boa companhia. Enfraqueceria o grupo junto ao setor mais importante do eleitorado de Luziânia, o proprietário rural.

Walter Rodrigues, prefeito do município e porta-voz dos lideres do grupo em Luziânia e toda a região do Entorno de Brasília, sugeriu que fossemos em bloco para outro partido, menos para o PTB. Ouvi as explicações... (continua)

Com o voto popular e sem comando partidário

A vitória do MDB na eleição para o Senado, em Goiás, com a dupla Henrique Santillo e Juarez Bernardes, motivou toda a base do Partido. Sua chegada ao poder estava mais do que desenhada. De todas as regiões chegavam ao conhecimento do senador adesões e mais adesões ao MDB. Montou-se um competente esquema de comunicação com as lideranças municipais. Jornalistas arregimentados por ele e centenas de colaboradores implantaram o mais completo informativo político impresso até então em circulação no Estado. “Tempo de Luta” não divulgava, apenas, seu trabalho no Senado, mas análises sobre economia e política, com os mais renomados economistas e cientistas políticos do Brasil. Foi, durante muito tempo, o maior instrumento de politização aos emedebistas goianos. Criados diretórios do MDB em praticamente todos os municípios. Momento contagiante da política em Goiás. Companheiros entusiasmados e disposto a prosseguirem a luta. A vitória de Henrique Santillo ao Senado revigorou essas lideranças e as novas que surgiram, se preparando para a eleição direta para o Governo Estadual que, sem nenhuma dúvida, aconteceria no pleito seguinte. O ano de 1982 passou a ser esperado como o ano da grande alavancada rumo à redemocratização do País. A eleição direta para os governos estaduais seria o complemento da derrocada arenista, iniciado com vitórias marcantes do MDB, como a ocorrida em Goiás, no pleito de 1978.

Mesmo com sua força política inigualável, maior liderança política do Estado, Henrique Santillo não possuía a malícia de políticos profissionais. Nunca se interessou em controlar a máquina partidária. Vencia convenções e eleições sem precisar, ou utilizar-se da estrutura partidária. Na eleição de 78, poucas foram as lideranças que comandavam o partido em Goiás que ficaram ao seu lado. Até Íris Rezende Machado, ainda com seus direitos políticos suspensos, em Goiânia e regiões onde possuía propriedades rurais, trabalhou incansavelmente em favor de Juarez Bernardes.

Mesmo assim, sem usar da força política alcançada através das urnas, apoiávamos, na reorganização do diretório regional do MDB, os indicados pelos companheiros que comandavam o Partido. Sem vaidade e necessidade de mostrar força, comandando o partido, figurávamos como membros e parlamentares mesmo fora da executiva. Por acreditarmos na força individual, na democracia interna, nunca nos utilizando da estrutura partidária, fazíamos confiando na meritocracia. Combatíamos a ditadura com o maior vigor possível. Erramos estrategicamente, ao não impormos nossa força no comando partidário. Isso ficou claro dois anos depois, em 1980.

Com a anistia aos atingidos pelo regime de exceção, todos os que haviam sido punidos com a cassação de seus mandatos e suspensão dos direitos políticos, readquiriram o direito de participarem da política e disputarem eleições. Em Goiás, dentre os beneficiados encontravam-se Mauro Borges e Íris Rezende Machado. Foram recebidos com muita festa. Nós, que combatíamos a ditadura, estávamos eufóricos com mais essas vitória obtida. Era a justiça que começava a ser feita.

Na organização do diretório regional que comandaria a convenção para as eleições de 1982 pelo voto direto, a chapa foi montada pelo comando partidário, com predominância de simpatizantes à candidatura de Íris Rezende, ao Governo. Naquele momento já se sabia que Henrique Santillo, indiscutivelmente, a maior força política goiana, era pré-candidato natural ao cargo.

Íris Rezende, que retornava ao cenário político, da mesma forma, mostrou seu interesse em ser candidato. Duas grandes forças da política goiana. Coisa natural num regime democrático. O que perdesse a convenção apoiaria o vencedor... (continua)

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

O PAC está empacado


O município de Anápolis tem sofrido muito com o não andamento das obras do Programa de Aceleração do Crescimento – PAC, do governo federal, no ritmo normal programado. Tem trazido inúmeros transtornos à população. Transformando em exemplo péssimo de referência, as ações administrativas de responsabilidade federal.

O já famoso trevo do Daia, na BR-060, entrada para o Distrito Agroindustrial, licitado pelo Denit, em 2010, deveria, de conformidade com o organograma, estar concluído no início de 2011. Depois de realizada a licitação, o Ministério Público Federal descobriu que as firmas que participaram da concorrência pública haviam acertado os preços, numa de cartel, em que a quase totalidade dos itens constantes do edital foram de idênticos valores até nos centavos. Mais de 200 itens. Apenas num a vencedora apresentou valor menor que as demais concorrentes, saindo por isso vencedora. Ao analisar os preços apresentados pela empresa ganhadora da licitação, com auxílio da Polícia Federal, o representante do Ministério Público, que investigava a questão, concluiu que, em comparação com os preços normais de mercado, a obra estimada em R$ 40 milhões estava superestimada em mais de R$ 10 milhões. Com isso o Denit em Goiás não a homologou e ajustou os valores para uma nova licitação dentro do seu real valor. Até hoje não foi iniciada a construção, mesmo já decorridos mais de dois anos.


A Ferrovia Norte-Sul, trecho Anápolis-Uruaçu, programada para ser entregue no final de 2010 ou início de 2011, continua emperrada, sem sair do lugar. Até a fotografia em que o presidente Lula, prefeito de Anápolis, deputados estaduais e federais, vereadores e o ex-presidente da Valec, José Francisco das Neves, aparecem no comando de uma locomotiva, anunciando a chegada da ferrovia a Anápolis, hoje só é vista nos álbuns oficiais da prefeitura e da Valec. Fala-se que a CGU estaria concluindo levantamento dos gastos com o serviço já feito, tendo descoberto inúmeras irregularidades que vão de preços a serviços que precisam ser refeitos. O mais certo é que nem 2013 a Ferrovia Norte-Sul esteja concluída.

O Parque Ambiental Horizontal, anunciado que seria construído com recursos repassados pela Valec à prefeitura de Anápolis, que cobriria desde o Central Parque Onofre Quinan, entre a Vila Nossa Senhora da Abadia e Nações Unidas indo até o Polo Centro, próximo ao trevo do Daia, com a descoberta do envolvimento da Delta Construções no esquema de exploração de jogos eletrônicos ilegais em Goiás, o serviço nem sequer foi iniciado. Ficou apenas na festa de lançamento. A Delta Construções, que faria o serviço, ficou cambaleando após a Operação Monte Carlo, perdendo toda a sua força nos esquemas oficiais no Estado.

Trincheira e passarela em construção na BR-153, ligando os bairros Parque dos Pirineus e Jardim Progresso, que deveriam, de acordo com cronograma do PAC, ser entregues no início de 2011, estão totalmente paralisadas. Só 50% dos serviços foram realizados. A empresa responsável pela construção da trincheira, galerias de águas pluviais e iluminação, teria realizado 60% do contrato que possui com o Denit. A responsável pela construção da capa asfáltica teria entrado em recuperação judicial. Por isso, se afastou da obra, onde deixou 40% dos serviços prontos. Enquanto se aguarda a recuperação da que faria o asfaltamento, a outra trabalha em obra estadual, construindo o futuro aeroporto de cargas em Anápolis. Diante disso, o Denit não realizou nova concorrência e não sabe informar quando o serviço na BR-153, ligando dois importantíssimos setores habitacionais do município, será reiniciado. Nestes últimos meses pelo menos 10 acidentes fatais, atropelando principalmente crianças, foram registrados pela polícia naquele trecho.

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Líder se consolida com o casuísmo político


Estamos registrando, para historiadores do futuro, acontecimentos políticos verificados durante a ditadura militar de 1964, e que não foram registrados, pela severa e implacável censura à imprensa existente à época. Tempo em que o idealismo e a coragem realçaram o trabalho de um grupo de jovens, que a partir de Anápolis, montou a maior trincheira da “resistência democrática”, em Goiás. Políticos novos, sem os vícios da corrupção, originados, na maioria das vezes, pelo exercício do poder, que tinham como único objetivo, derrubar o regime ditatorial implantado no País a partir do golpe de março de 1964. Grupo que dia a dia sentia as violências da ditadura contra seus integrantes. Gente humilde e idealista sendo presa, torturada, processada e, até, cassado por defender as liberdades democráticas. Perseguições que aconteciam por que não se dobravam aos desmandos autoritários e arbitrários. Por mais que fossem perseguidos, não abriam mão do ideal democrático. Grupo que honrou as tradições de luta da gente Anapolina.

A eleição de Henrique Santillo para o Senado foi o divisor de águas na política goiana. O episódio, por acontecer no momento da maior crise política enfrentada pelos detentores do poder, não foi, até agora, melhor analisado por cientistas políticos. Henrique Santillo, ao contrário do acontecido em 1974, quando Lázaro Barboza se elegeu senador num verdadeiro golpe de sorte, venceu o pleito de forma consciente. Para isso, ele e Juarez Bernardes enfrentaram os maiores casuísmos utilizado pela ditadura.

Em 1974 com o horário político pelo rádio e televisão sendo usado ao vivo, Lázaro Barbosa, arregimentou dia a dia, milhares de simpatizantes. Nós, candidatos a deputado estadual ou federal, reforçamos sua candidatura de forma intensa. O transformamos de candidato simbólico, de início da campanha, no grande vitorioso. Essa liberdade de manifestação pelo rádio e televisão, fortaleceu a todas as candidaturas ao Senado pelo MDB. Até mesmo, só para marcarem posição, não deixarem o partido sem uma candidatura ao Senado, o MDB cresceu assustadoramente durante a campanha eleitoral, elegendo candidatos que jamais pensaram em vencer uma eleição. Em 1974 foram 16 senadores eleitos pelo MDB.

Em 1978 foi diferente. Das duas vagas ao senado que seriam preenchidas, uma foi transformada em biônica. Apenas uma foi preenchida com o voto do povo. No caso goiano, o MDB que preparara Henrique Santillo e Juarez Bernardes, as duas maiores lideranças das oposições no Estado para a disputa em sublegenda ao governo, com o “pacote de abril” eliminando a eleição direta para governador, viram o sonho de chegar ao Governo ser, mais uma vez, adiado por casuísmos de última hora. Henrique e Juarez, as maiores lideranças do MDB, disputaram a vaga para o Senado. A Arena lançou representantes de todas as suas correntes: Senador Osíres Teixeira, deputado federal Jarmund Nasser e ex-prefeito de Anápolis, Jonas Duarte.

A vitória do MDB nessa eleição de 1978, com todos os casuísmos utilizados pela ditadura, transformou o partido na maior força política em Goiás. Vencer a eleição usando, apenas, o currículo na televisão e rádio foi violento retrocesso. Por pragmatismo e oportunismo político centenas de lideranças deixaram o MDB para se aglutinarem à Arena. O “pacote de abril” acabara com eleição direta para os governos estaduais. Faltava dinheiro para a campanha. Só com muita garra, idealismo e convicção na resposta popular, para enfrentar esses obstáculos. Henrique foi mais votado que Juarez. Focou claro que a oposição em Goiás era mais forte que a Arena, e Henrique Santillo, sua maior liderança. Estava confirmado que qualquer eleição majoritária que acontecesse em Goiás, o MDB sairia vencedor e o senador por Anápolis, seu candidato natural...

Adhemar Santillo foi fundador do MDB; deputado estadual; três vezes federal; duas vezes prefeito de Anápolis e secretário estadual da Educação. E-mail: adhemar@santillo.com

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Consolidando candidatura e conquistando Goiás


Anápolis teve papel relevante na derrubada da ditadura de 1964. A vergonha que alguns políticos nos passam no momento manchando o nome honrado do seu povo, deverá ser superada rapidamente. Anápolis é maior que qualquer crise, por mais desmoralizante que seja. Já vivemos momentos melhores.

Voltemos à história que honrou as tradições anapolinas: decidido que o advogado Hélio Roriz seria candidato à suplência de Henrique Santillo a uma das sublegendas do MDB ao Senado, os companheiros do Entorno de Brasília, comandados pelos emedebistas de Luziânia, se agregaram à candidatura santilista e a defenderam com garra e determinação.

O acordo que fizemos com Joaquim Domingos Roriz e o diretório do MDB local, para que houvesse tratamento em igualdade de condições aos candidatos do partido ao Senado, sensibilizou a população de toda região. Henrique Santillo se transformou imediatamente no maior líder político do Estado. Hélio Roriz, conceituado advogado, membro influente do MDB local, trabalhou incansavelmente em toda região.

Por outro lado, eu que abrira caminho para a consolidação da candidatura de Joaquim Roriz a deputado estadual, em várias regiões do Estado, mesmo sem pleitear apoio à minha candidatura a deputado federal na região, por interferência de Roriz fui escolhido pelos companheiros de Luziânia e região do Entorno que apoiavam Joaquim Roriz, como candidato oficial do MDB.

Consolidada a região do entorno de Brasília partimos para fortalecer a candidatura de Henrique Santillo nas regiões da Estrada de Ferro, Vale do São Patrício e Médio Norte Goiano, de Uruaçu a Porangatu. Nosso prestigio nessa região era imenso. Nosso maior esforço se concentrou no Médio Norte. Por termos participado da organização do MDB em Uruaçu; Campinorte; Campinaçu; Mara Rosa; Mutunópolis; Estrela do Norte; Santa Tereza, Formoso e Minaçu, gozávamos de enorme prestígio e popularidade em toda a região. Nosso principal aliado nesse trabalho era o deputado estadual Juarez Magalhães.

Em Mara Rosa a maior liderança emedebista era José Maurício. Fundador da cidade e do distrito de Maralina, hoje município. Embora mais ligado a Juarez Bernardes do que a Henrique Santillo, terminou optando pela candidatura Santillo atendendo à nossa solicitação. No dia da convenção para a escolha dos candidatos que representariam Mara Rosa, nas eleições de 1978, José Maurício me relatou que o MDB de Mara Rosa apoiaria Juarez Magalhães para deputado estadual, Adhemar Santillo para a Câmara Federal e Juarez Bernardes para o Senado.

Advoguei apoio a Henrique Santillo. Disse-me que a família Santillo estava representada em Mara Rosa, pelo apoio que o município daria à minha candidatura a deputado federal. Argumentei que preferiria, se a questão era apoiar apenas um Santillo, mesmo com toda ligação que tinha com o povo daquele município, que apoiassem a Henrique Santillo ao Senado e colocassem outro deputado federal para me substituir. Com essa minha ação, o diretório decidiu apoiar Juarez Magalhães, Adhemar Santillo e Henrique Santillo.

Assim, com nosso trabalho em toda a região, as principais lideranças emedebistas, declararam apoio a nós três. A exceção ficou por conta de Formoso onde o prefeito Nelinho e todo diretório do MDB ficaram com Juarez Bernardes, José Freire e o candidato a deputado estadual Epitácio. Ao nosso lado em Formoso, ficou a vereadora Nilda Mota Lucindo, à época, a maior liderança feminina do Médio Norte. (Continua...)

Nascer, crescer e morrer!


As leis naturais mantêm seus enunciados, seus componentes imutáveis, mesmo com o decorrer do tempo. Assim, quando analisamos os fenômenos ocorridos na evolução natural das coisas, constatamos que o normal é nascimento, crescimento, reprodução e morte de todas as coisas. São ciclos normais na vida de animais, plantas e ocorrências de fenômenos e atividades humanas.  Doenças que no passado exterminaram milhares de pessoas, como hanseníase, peste bubônica, tuberculose, estão hoje sob controle absoluto. No plantio de alimentos, caso não haja cuidado por parte do agricultor, o mato, erva daninha e pragas impedem nascimento, crescimento e produção normal do seu roçado. Carros, navios e aviões estão cada vez mais sofisticados, confortáveis e rápidos a serviço do aperfeiçoamento da ambição ou necessidade humanas. Pode-se dizer que nessa caminhada da humanidade a evolução é um fator natural e permanentemente perseguido por alguns e acompanhados pelo povo.

Assim também tem ocorrido com  nossas obrigações tributárias. Na época do Império, Tiradentes foi enforcado porque, dentre outras coisas, não concordava com os impostos cobrados pelo Rei de Portugal. As colônias, como o Brasil, eram obrigadas a pagar à realeza o equivalente a 20% do que produziam. Hoje, a cobrança de impostos aumentou, quase dobrou. Naquele tempo, os 20% levaram os inconfidentes mineiros às mais severas punições. Hoje esses encargos tributários aos que produzem e trabalham no Brasil estão em mais de 34% da sua renda. Evolução também tem sido muito rápida e avassaladora na moral e ética, principalmente dos que militam na atividade política.

Quando cheguei à Câmara Federal, em 1975, conheci Cantídio Sampaio (Arena-SP), que fora líder na Assembleia Legislativa Paulista, do governador Adhemar de Barros (PP). Era vice-líder da Arena e eu vice-líder do MDB.  Num dos intervalos de uma sessão plenária, nos contou um fato interessante ocorrido na administração adhemarista:

“Naquela época, a televisão não possuía a força de hoje. Praticamente só existia no eixo Rio-São Paulo. O forte, para comunicação de massa, era o rádio. Para  renovar sua frota de veículos do Estado, o governador paulista conduziu as cláusulas do Edital de Concorrência para a General Motors. Os comentários foram intensos. Só se falava na negociata patrocinada por Adhemar de Barros, favorecendo a Chevrolet.”

De acordo com a sua narrativa, “Adhemar não queria contato com a imprensa. Principalmente com um repórter da Rádio Record, que, ‘furão’ e destemido,  fazia as perguntas mais indiscretas aos entrevistados. Mas numa noite, festa de gala da sociedade paulistana, o governador foi à inauguração de um teatro, onde seria homenageado pelos artistas. Ao chegar ao recinto, depois dos cumprimentos formais, foi lhe dada a palavra para o discurso de inauguração. Quando Adhemar de Barros terminou os cumprimentos aos organizadores do evento e autoridades presentes, o repórter Marronzinho, microfone em punho, misturou-se aos convidados e de supetão:

– Governador, para o senhor, o que quer dizer negociata?

Sem nenhum constrangimento, Adhemar de Barros respondeu:

– Para mim, negociata e todo bom negócio, do qual a gente não participa !”

O pensamento e comportamento de muitos políticos hoje são os mesmos adotados pelo ex-governador de São Paulo, mas que a modalidade e tamanho da corrupção aumentaram não há dúvida. Para colocar a ética na política e conduta dos desonestos no rumo certo, surgem o ministro relator do Mensalão no STF, Joaquim Barbosa, e a maioria dos integrantes do Supremo. Como os cientistas e médicos que, depois de milhares de mortes por pestes e males tidos como incuráveis, conseguiram o milagre da cura, os ministros prometem pôr um freio, acabar mesmo, com esse cupim que não para de crescer e corrói as bases que dão sustentação à República. Felizmente não há mal que cresça e perdure indefinidamente. Para todos os males, mais cedo ou mais tarde, sempre aparece um remédio apropriado!

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Os empresários e a política


As empresas funcionam como componentes de um sistema que é gerido pelo poder político. Assim, quanto menor o interesse dos empresários pela atuação dos políticos, mais distorções estes podem impor ao sistema, levando à deterioração do ambiente econômico, como ocorreu no Brasil dos anos sessenta e oitenta. Em nossos dias, o final melancólico do governo Berlusconi e o agravamento da crise em outros países europeus devido a má gestão da economia levaram um jornalista italiano a dizer que “os estadistas construíram a União Européia, os políticos a estão destruindo”.

As consequências das crises de ontem e de hoje são nefastas: prejuízos incalculáveis para as empresas e grande sofrimento entre os trabalhadores, que amargam a perda do emprego ou têm os salários reduzidos. Assim, ainda que os empresários não participem como candidatos, sua presença na política é indispensável porque deles são as iniciativas que criam a riqueza, gerando empregos e pagando impostos. A omissão dos homens de negócios nas disputas eleitorais e nos debates que precedem as decisões do poder público favorece a ascensão dos demagogos e aventureiros que prometem o irrealizável, insinuam confrontos quixotescos e desperdiçam o dinheiro dos contribuintes com medidas ineficazes e obras intermináveis, mantendo colaboradores ineficientes e corruptos.

Empresários e políticos devem interagir para resolver os problemas da economia e promover o desenvolvimento da educação, da pesquisa científica, das inovações tecnológicas, induzindo a modernização das cidades, potencializando as ações dos governos estaduais e a transformação do país. As empresas não são intrinsecamente más como acreditam os ideólogos do igualitarismo ingênuo. A propriedade privada dos meios de produção constitui um meio de outorgar autonomia aos indivíduos dotados de espírito empreendedor e capacidade de liderança para gerir as atividades produtivas, agregando renda e incrementando o consumo com a redução da pobreza e melhora das condições de vida de toda a população.

O empresário moderno não é um simples explorador da força de trabalho. Ele é visionário, estrategista e inovador. O lucro e a expansão de suas atividades energizam o sistema econômico, o qual tem por finalidade atender os indivíduos de todas as classes sociais segundo a capacidade de interagir das pessoas e o nível de desenvolvimento das comunidades. Por isso, Henrique Santillo, então prefeito de Anápolis, ao perceber os sinais de esgotamento do primeiro ciclo industrial da cidade, proclamou de utilidade pública a área onde se instalaria o distrito agro-industrial. E Marconi Perillo, no limiar do seu primeiro governo, constatando a estagnação do DAIA, empenhou-se com seus auxiliares na atração de novas empresas para manter o desenvolvimento do município de conformidade com sua vocação.

A corrupção não é, portanto, inerente aos negócios e ao exercício do poder público, mas desvio ocasional, acentuado pelas circunstâncias e suscitado pela disposição da ilicitude e as imperfeições do arcabouço institucional. Do exame dos fatos deve-se inferir que o pessimismo ocasionado pelo mau comportamento de alguns empresários e políticos não se justifica em face da necessidade de convergência do esforço dos homens públicos e do poder realizador da iniciativa privada para promover o desenvolvimento com a multiplicação das oportunidades de satisfação das necessidades humanas no âmbito da vida material, afetiva e comunitária.

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Entre a saúde pública e o planetário


Há um velho provérbio que diz que “uma boa imagem vale mais que mil palavras”. Até hoje não surgiu algum outro método de avaliação dos acontecimentos que pudesse superar essa verdade. Ela tem sido tão resistente às transformações sociais e tecnológicas quanto a aritmética, ciência exata ao garantir que 2 + 2 = 4. No passado, hoje e no futuro, sempre 2+2 serão 4. Vamos a exemplos práticos das imagens que falam mais que longos discursos.

Quando Iris Rezende Machado chegou ao governo em 1983, para a Secretaria da Fazenda indicou Osmar Cabral. Preocupado com a evasão de Imposto de Circulação de Mercadorias (ICM), agiu com rigor, principalmente nos postos de fiscalização das estradas, fazendo uma verdadeira operação “pente-fino”. O mesmo tratamento dispensou aos comerciantes. Logo a fama correu que o governo Iris (PMDB) não perdoava ninguém. A oposição gritava, os contribuintes atingidos reclamavam pelo rádio e televisão. Era uma chiadeira danada! Foi aí que um cartunista produziu charge descrevendo a questão, de forma bem-humorada. Numa encruzilhada qualquer de Goiânia, umbandistas foram fazer despacho. Quando sacrificaram a galinha preta e abriram a garrafa de pinga (aguardente), surgiu o fiscal da Receita estadual com o famoso bloquinho e aplicou a multa pela ausência de notas fiscais para a galinha e a cachaça. A repercussão foi imediata e pelo Estado todo.

Outro fato marcante dentro desse tema ocorreu por ocasião das eleições gerais de 1998. O PMDB reinava em Goiás de maneira soberana, total mesmo. As oposições  se aglutinaram em torno da candidatura do deputado Roberto Balestra. Sua candidatura não alavancava, enquanto a de Iris Rezende crescia sem parar. Balestra refluiu do seu projeto de disputar a governadoria, disputando mais uma vez cadeira para a Câmara Federal. Quase que para o sacrifício, em sua substituição, surgiu o nome do deputado Marconi Perillo. Enquanto isso, ciente da sua força esmagadora e confiando numa vitória arrasadora, Iris lançou sua esposa, Iris de Araújo, para ser suplente de Maguito. Foi buscar em Jataí, terra de Maguito, o deputado Romilton Morais, primo do candidato ao Senado, para ser seu companheiro de chapa como candidato a vice-governador. A oposição escreveu artigos para jornais e revistas, concedeu constantes entrevistas, realizou comícios por todo o Estado, criticando a “panelinha peemedebista”. Quanto mais batia, mais Iris c
rescia. Iniciado o programa eleitoral pelo rádio e televisão, a equipe de  marketing de Marconi contratou o humorista Nerso da Capitinga, que se transformou na grande estrela do “moço da camisa azul.” Com aquele jeitão simplório, colocando pé de frango, costela de porco, pescoço de pato dentro da caçarola roceira, e falando da panelinha, Iris e o PMDB não resistiram.

Na campanha de Anápolis, a grande queixa da população com a atual administração tem sido as falhas existentes no setor de saúde pública. Todos os candidatos adversários do prefeito usam os horários dos programas de rádio e televisão para comentarem a crise por que passa a saúde pública municipal. Não tem alcançado nenhum resultado positivo. Continuam lá embaixo nas pesquisas de intenção de votos. Gritam contra a política de construção e reformas de praças, com chafariz esguichando água para cima dia e noite. Não tem adiantado. É pregação no deserto! Essa semana o deputado José de Lima, um dos candidatos adversários do prefeito, visitando o Hospital Municipal, encontrou por lá ambiente de caos total. Uma mãe desesperada, filho de dois anos ao colo, febre altíssima, tossindo muito, já não tinha fôlego nem para chorar. Transtornada, gritava por atendimento. Nada de ser atendida. A chegada do deputado foi saudada com euforia por todos. A mãe logo gritou do meio da multidão

– Deputado, o que o senhor vai fazer?

– Vou fazer muitas praças. Vou construir uma grande praça que vai esguichar água até na lua...

A frase dita pelo deputado José de Lima, integrante da base aliada do governador Marconi Perillo, pode não lhe render votos, mas já é a mais comentada em Anápolis.

O deputado ainda não sabia que esguicho não, mas está sendo instalado um Planetário na Praça Jamel Cecílio, na divisa dos bairros JK-Nova Capital, para que a população possa ver a lua, planetas, estrelas e asteroides, com mais detalhes que a observação a olho nu.