terça-feira, 30 de outubro de 2012

Com o voto popular e sem comando partidário

A vitória do MDB na eleição para o Senado, em Goiás, com a dupla Henrique Santillo e Juarez Bernardes, motivou toda a base do Partido. Sua chegada ao poder estava mais do que desenhada. De todas as regiões chegavam ao conhecimento do senador adesões e mais adesões ao MDB. Montou-se um competente esquema de comunicação com as lideranças municipais. Jornalistas arregimentados por ele e centenas de colaboradores implantaram o mais completo informativo político impresso até então em circulação no Estado. “Tempo de Luta” não divulgava, apenas, seu trabalho no Senado, mas análises sobre economia e política, com os mais renomados economistas e cientistas políticos do Brasil. Foi, durante muito tempo, o maior instrumento de politização aos emedebistas goianos. Criados diretórios do MDB em praticamente todos os municípios. Momento contagiante da política em Goiás. Companheiros entusiasmados e disposto a prosseguirem a luta. A vitória de Henrique Santillo ao Senado revigorou essas lideranças e as novas que surgiram, se preparando para a eleição direta para o Governo Estadual que, sem nenhuma dúvida, aconteceria no pleito seguinte. O ano de 1982 passou a ser esperado como o ano da grande alavancada rumo à redemocratização do País. A eleição direta para os governos estaduais seria o complemento da derrocada arenista, iniciado com vitórias marcantes do MDB, como a ocorrida em Goiás, no pleito de 1978.

Mesmo com sua força política inigualável, maior liderança política do Estado, Henrique Santillo não possuía a malícia de políticos profissionais. Nunca se interessou em controlar a máquina partidária. Vencia convenções e eleições sem precisar, ou utilizar-se da estrutura partidária. Na eleição de 78, poucas foram as lideranças que comandavam o partido em Goiás que ficaram ao seu lado. Até Íris Rezende Machado, ainda com seus direitos políticos suspensos, em Goiânia e regiões onde possuía propriedades rurais, trabalhou incansavelmente em favor de Juarez Bernardes.

Mesmo assim, sem usar da força política alcançada através das urnas, apoiávamos, na reorganização do diretório regional do MDB, os indicados pelos companheiros que comandavam o Partido. Sem vaidade e necessidade de mostrar força, comandando o partido, figurávamos como membros e parlamentares mesmo fora da executiva. Por acreditarmos na força individual, na democracia interna, nunca nos utilizando da estrutura partidária, fazíamos confiando na meritocracia. Combatíamos a ditadura com o maior vigor possível. Erramos estrategicamente, ao não impormos nossa força no comando partidário. Isso ficou claro dois anos depois, em 1980.

Com a anistia aos atingidos pelo regime de exceção, todos os que haviam sido punidos com a cassação de seus mandatos e suspensão dos direitos políticos, readquiriram o direito de participarem da política e disputarem eleições. Em Goiás, dentre os beneficiados encontravam-se Mauro Borges e Íris Rezende Machado. Foram recebidos com muita festa. Nós, que combatíamos a ditadura, estávamos eufóricos com mais essas vitória obtida. Era a justiça que começava a ser feita.

Na organização do diretório regional que comandaria a convenção para as eleições de 1982 pelo voto direto, a chapa foi montada pelo comando partidário, com predominância de simpatizantes à candidatura de Íris Rezende, ao Governo. Naquele momento já se sabia que Henrique Santillo, indiscutivelmente, a maior força política goiana, era pré-candidato natural ao cargo.

Íris Rezende, que retornava ao cenário político, da mesma forma, mostrou seu interesse em ser candidato. Duas grandes forças da política goiana. Coisa natural num regime democrático. O que perdesse a convenção apoiaria o vencedor... (continua)

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