terça-feira, 16 de outubro de 2012

Líder se consolida com o casuísmo político


Estamos registrando, para historiadores do futuro, acontecimentos políticos verificados durante a ditadura militar de 1964, e que não foram registrados, pela severa e implacável censura à imprensa existente à época. Tempo em que o idealismo e a coragem realçaram o trabalho de um grupo de jovens, que a partir de Anápolis, montou a maior trincheira da “resistência democrática”, em Goiás. Políticos novos, sem os vícios da corrupção, originados, na maioria das vezes, pelo exercício do poder, que tinham como único objetivo, derrubar o regime ditatorial implantado no País a partir do golpe de março de 1964. Grupo que dia a dia sentia as violências da ditadura contra seus integrantes. Gente humilde e idealista sendo presa, torturada, processada e, até, cassado por defender as liberdades democráticas. Perseguições que aconteciam por que não se dobravam aos desmandos autoritários e arbitrários. Por mais que fossem perseguidos, não abriam mão do ideal democrático. Grupo que honrou as tradições de luta da gente Anapolina.

A eleição de Henrique Santillo para o Senado foi o divisor de águas na política goiana. O episódio, por acontecer no momento da maior crise política enfrentada pelos detentores do poder, não foi, até agora, melhor analisado por cientistas políticos. Henrique Santillo, ao contrário do acontecido em 1974, quando Lázaro Barboza se elegeu senador num verdadeiro golpe de sorte, venceu o pleito de forma consciente. Para isso, ele e Juarez Bernardes enfrentaram os maiores casuísmos utilizado pela ditadura.

Em 1974 com o horário político pelo rádio e televisão sendo usado ao vivo, Lázaro Barbosa, arregimentou dia a dia, milhares de simpatizantes. Nós, candidatos a deputado estadual ou federal, reforçamos sua candidatura de forma intensa. O transformamos de candidato simbólico, de início da campanha, no grande vitorioso. Essa liberdade de manifestação pelo rádio e televisão, fortaleceu a todas as candidaturas ao Senado pelo MDB. Até mesmo, só para marcarem posição, não deixarem o partido sem uma candidatura ao Senado, o MDB cresceu assustadoramente durante a campanha eleitoral, elegendo candidatos que jamais pensaram em vencer uma eleição. Em 1974 foram 16 senadores eleitos pelo MDB.

Em 1978 foi diferente. Das duas vagas ao senado que seriam preenchidas, uma foi transformada em biônica. Apenas uma foi preenchida com o voto do povo. No caso goiano, o MDB que preparara Henrique Santillo e Juarez Bernardes, as duas maiores lideranças das oposições no Estado para a disputa em sublegenda ao governo, com o “pacote de abril” eliminando a eleição direta para governador, viram o sonho de chegar ao Governo ser, mais uma vez, adiado por casuísmos de última hora. Henrique e Juarez, as maiores lideranças do MDB, disputaram a vaga para o Senado. A Arena lançou representantes de todas as suas correntes: Senador Osíres Teixeira, deputado federal Jarmund Nasser e ex-prefeito de Anápolis, Jonas Duarte.

A vitória do MDB nessa eleição de 1978, com todos os casuísmos utilizados pela ditadura, transformou o partido na maior força política em Goiás. Vencer a eleição usando, apenas, o currículo na televisão e rádio foi violento retrocesso. Por pragmatismo e oportunismo político centenas de lideranças deixaram o MDB para se aglutinarem à Arena. O “pacote de abril” acabara com eleição direta para os governos estaduais. Faltava dinheiro para a campanha. Só com muita garra, idealismo e convicção na resposta popular, para enfrentar esses obstáculos. Henrique foi mais votado que Juarez. Focou claro que a oposição em Goiás era mais forte que a Arena, e Henrique Santillo, sua maior liderança. Estava confirmado que qualquer eleição majoritária que acontecesse em Goiás, o MDB sairia vencedor e o senador por Anápolis, seu candidato natural...

Adhemar Santillo foi fundador do MDB; deputado estadual; três vezes federal; duas vezes prefeito de Anápolis e secretário estadual da Educação. E-mail: adhemar@santillo.com

Um comentário:

  1. Você sabe como encontrar em contato com o Nicola Arpone nos dias de hoje. Quando era criança em Tocantins conheci Nicola quando minha fazia campanha para o Henrique Santilo.

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