quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Nascer, crescer e morrer!


As leis naturais mantêm seus enunciados, seus componentes imutáveis, mesmo com o decorrer do tempo. Assim, quando analisamos os fenômenos ocorridos na evolução natural das coisas, constatamos que o normal é nascimento, crescimento, reprodução e morte de todas as coisas. São ciclos normais na vida de animais, plantas e ocorrências de fenômenos e atividades humanas.  Doenças que no passado exterminaram milhares de pessoas, como hanseníase, peste bubônica, tuberculose, estão hoje sob controle absoluto. No plantio de alimentos, caso não haja cuidado por parte do agricultor, o mato, erva daninha e pragas impedem nascimento, crescimento e produção normal do seu roçado. Carros, navios e aviões estão cada vez mais sofisticados, confortáveis e rápidos a serviço do aperfeiçoamento da ambição ou necessidade humanas. Pode-se dizer que nessa caminhada da humanidade a evolução é um fator natural e permanentemente perseguido por alguns e acompanhados pelo povo.

Assim também tem ocorrido com  nossas obrigações tributárias. Na época do Império, Tiradentes foi enforcado porque, dentre outras coisas, não concordava com os impostos cobrados pelo Rei de Portugal. As colônias, como o Brasil, eram obrigadas a pagar à realeza o equivalente a 20% do que produziam. Hoje, a cobrança de impostos aumentou, quase dobrou. Naquele tempo, os 20% levaram os inconfidentes mineiros às mais severas punições. Hoje esses encargos tributários aos que produzem e trabalham no Brasil estão em mais de 34% da sua renda. Evolução também tem sido muito rápida e avassaladora na moral e ética, principalmente dos que militam na atividade política.

Quando cheguei à Câmara Federal, em 1975, conheci Cantídio Sampaio (Arena-SP), que fora líder na Assembleia Legislativa Paulista, do governador Adhemar de Barros (PP). Era vice-líder da Arena e eu vice-líder do MDB.  Num dos intervalos de uma sessão plenária, nos contou um fato interessante ocorrido na administração adhemarista:

“Naquela época, a televisão não possuía a força de hoje. Praticamente só existia no eixo Rio-São Paulo. O forte, para comunicação de massa, era o rádio. Para  renovar sua frota de veículos do Estado, o governador paulista conduziu as cláusulas do Edital de Concorrência para a General Motors. Os comentários foram intensos. Só se falava na negociata patrocinada por Adhemar de Barros, favorecendo a Chevrolet.”

De acordo com a sua narrativa, “Adhemar não queria contato com a imprensa. Principalmente com um repórter da Rádio Record, que, ‘furão’ e destemido,  fazia as perguntas mais indiscretas aos entrevistados. Mas numa noite, festa de gala da sociedade paulistana, o governador foi à inauguração de um teatro, onde seria homenageado pelos artistas. Ao chegar ao recinto, depois dos cumprimentos formais, foi lhe dada a palavra para o discurso de inauguração. Quando Adhemar de Barros terminou os cumprimentos aos organizadores do evento e autoridades presentes, o repórter Marronzinho, microfone em punho, misturou-se aos convidados e de supetão:

– Governador, para o senhor, o que quer dizer negociata?

Sem nenhum constrangimento, Adhemar de Barros respondeu:

– Para mim, negociata e todo bom negócio, do qual a gente não participa !”

O pensamento e comportamento de muitos políticos hoje são os mesmos adotados pelo ex-governador de São Paulo, mas que a modalidade e tamanho da corrupção aumentaram não há dúvida. Para colocar a ética na política e conduta dos desonestos no rumo certo, surgem o ministro relator do Mensalão no STF, Joaquim Barbosa, e a maioria dos integrantes do Supremo. Como os cientistas e médicos que, depois de milhares de mortes por pestes e males tidos como incuráveis, conseguiram o milagre da cura, os ministros prometem pôr um freio, acabar mesmo, com esse cupim que não para de crescer e corrói as bases que dão sustentação à República. Felizmente não há mal que cresça e perdure indefinidamente. Para todos os males, mais cedo ou mais tarde, sempre aparece um remédio apropriado!

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