quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Ataques orquestrados contra empresários


Eu havia acabado de sair, antes da abertura da convenção, de encontro com o comando nacional do PT, para reclamar da atitude agressiva de um represente da delegação petista de Brasília, o Chico Vigilante, que, na abertura dos trabalhos da sua comissão setorial, havia sido contra o ingresso do empresário Onofre Quinan ao PT de Goiás. Onofre, até então, o maior empresário em Anápolis, sempre foi nosso companheiro. Participava do MDB e apoiava nossa luta integralmente. Chico Vigilante se inscrevera, ainda, para falar na plenária do período da tarde daquele sábado, para continuar agredindo Onofre Quinan e sua empresa, a Onogás. Agora, com as informações que Marcos me passara, percebi que se tratava de trabalho orquestrado contra a forma aberta com que estávamos formando o partido em Goiás.

Para evitar que atacassem companheiros empresários e outras lideranças que estiveram conosco no grupo autêntico do MDB, combatendo de forma eficiente e permanente o regime ditatorial, sem que, ao menos, tivessem condição de se defenderem, pois não se faziam presentes ao encontro em São Bernardo, os procurei para uma conversa.

Adhemar - Narciso, o que foi que houve rapaz? Por que sua revolta contra quem não busca nenhum benefício pessoal ao ingressarem no PT? Você não está vendo que se esses empresários que nos acompanham há tanto tempo no combate à ditadura, se pensassem em benefícios pessoais, não seria melhor para eles ficarem ao lado do regime dominante? Ao estarem conosco, defendendo os marginalizados, cobrando liberdade e democracia, são prejudicados nos seus empreendimentos empresariais, por perseguições políticas!

Narciso Sapateiro - Sou a favor de que empresário, mesmo que seja vendedor de pamonha, ou, de amendoim em campo de futebol, não faça parte do nosso PT. Partido do Proletariado. Além disso, o Chico Vigilante me disse que em Brasília a Onogás não fornece uniforme para os trabalhadores...

Da mesma forma conversei com Escavu, trabalhador rural da região de Itauçu, onde Ary Demósthenes tinha sua cerâmica.

Adhemar - Escavu, fiquei sabendo que você se inscreveu para fazer acusação ao PT de Goiás por ter recebido o companheiro Ary Demósthenes? Você que trabalha na região de Itauçu, será que não sabe que ele é uma pessoa trabalhadora, que tudo tem feito para derrubar a ditadura? O homem que era cotado pelo próprio governador Mauro Borges, para ser candidato à sua substituição em 1965, antes do golpe militar que o afastou do poder? É uma honra para todos nós termos uma figura assim, mesmo sem nenhuma pretensão eleitoral, quer fazer parte ao nosso lado, de um partido forte e que defenda a classe trabalhadora...

Escavu - Deputado, só que ele não permite que a gente crie galinhas nas dependências da cerâmica...

O jeito foi procurar o Paulo, um trotskista mais acomodado, colega de Lula e que organizava os debates para a formação do programa nacional do PT. Reuniu-se com os coordenadores das equipes setoriais, orientando-os que questões políticas regionais ou pessoais a militantes do partido não fossem permitidas. Conseguimos deixar o encontro de São Bernardo do Campo sãos e salvos. O tempo em que lá fiquei foi todo ele gasto em apagar incêndio. Foi uma pequena amostra das dificuldades e incompreensões que viriam pela frente. Confiando na palavra de Lula de que os grupelhos trotskistas seriam controlados, voltamos dispostos a fazer um verdadeiro partido em Goiás.

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