segunda-feira, 25 de março de 2013

MORTE DE PADRE PEREIRA DEIXA VAZIO TOTAL !


Faleceu na manhã de hoje em Goiânia, Monsenhor José Pereira de Maria, mais conhecido com padre Pereira! Nascido em Floriano - PI, em 17 de fevereiro de 1927. Lecionou na Escola Nornal Regional de Floriano quando iniciou suas atividades como preofessor! Foi fundador e Orientador Espiritual do Centro Cultural Educacional daquela cidade piauiense e Fundador, com trabalhadores daquela região, do Círculo Operário São José Floriano, em que foi também seu orientador. Nomeado vigário em Oeiras, Piauí ! Posteriormente transferido para Goiânia quando, em seguida, ocupou a Reitoria da Universidade Católica de Goiás!

Padre Pereira foi um defensor intransigente dos perseguidos pela repressão no perído ditatorial. Teve papel importante na defesa dos excluidos e da preservação do meio ambiente!

Perdi um grande amigo e conselheiro. Irmão do meu amigo fraterno Marco Antônio Pereira de Maria, o Marcão! Goiás perdeu uma das suas mais ilustres figuras no campo missionário e cultural!

Padre Pereira será velado na Catedral de Goiânia! Ás 15 horas haverá missa na Catedral, celebrada Por Dom Washington! Seu sepultamento dar-se-á após a misssa no cemitério das Palmeiras, em Goiânia! Goiás amanheceu o dia com um grande vazio! Vá com Deus Padre Pereira! Muito obrigado , por tudo!!!

Foi impossível fazer política no PT inicial


Assim que tomei conhecimento da manchete do jornal O Popular, em que petistas, sem vivência partidária anterior, vetaram publicamente, pelo jornal, a participação de Roriz e outras lideranças que saíram com o grupo santilista do PMDB, na Comissão Executiva do Partido dos Trabalhadores, que estávamos organizando em Goiás, senti que havíamos chegado ao limite suportável da paciência. As ignorâncias e bravatas de alguns contra humildes companheiros no encontro nacional, no Colégio Sion, em São Bernardo do Campo, foram suportáveis e assimiladas por todos nós. Mas, esse veto a quem trabalhava incansavelmente conosco na formação de um partido competitivo no Estado, já para as eleições de 1982, era mais do que brincadeira de mau gosto. Tratava-se de agressão insuportável. Não partira de gente humilde e despreparada intelectualmente. Aquela informação desastrosa e deselegante foi repassada à imprensa por um grupo tido como bem informado, ideologicamente engajado com os grupelhos trotskistas. Sabia o que queria. Não queria um partido competitivo.

Se para a organização do partido estávamos tendo que aparar uma aresta após a outra, para disputar a eleição à Governadoria do Estado, as dificuldades e incompreensões seriam insuportáveis. Teríamos que enfrentar a máquina do governo, colocada de forma intensa e contínua a favor da candidatura arenista e, ainda, Íris Rezende Machado pelo PMDB, e tendo que suportar trotskistas descontentes? Não dava.

Nós, santilistas que abraçamos a proposta petista, já havíamos ultrapassado a fase estudantil. Não estávamos organizando um grêmio estudantil ou diretório acadêmico. Estávamos formando um partido político que entendíamos, nascesse grande e forte em Goiás. Com esse comportamento golpista, pois havíamos decidido que a questão da formação da Comissão Executiva ficaria para após a eleição do diretório, não era possível ficarmos com essa proposta partidária.

Comuniquei ao Henrique (Santillo) que deixaria o partido e não me filiaria a nenhum outro, até que decidíssemos o caminho a seguir. Tão logo anunciei aos companheiros que me desligaria do PT, a maioria esmagadora não só me apoiou, como seguiu o mesmo caminho. No primeiro instante só ficaram no partido em companhia de Henrique Santillo, que não nos seguiu na primeira hora, o deputado Línio de Paiva e o vereador por Anápolis, Waldivino Pereira. Os outros companheiros que haviam pertencido ao PMDB, todos, sem exceção, acompanharam a minha decisão.

Algum tempo depois, Henrique Santillo percebeu que a proposta era sectária, estreita, para a organização de um partido verdadeiramente popular, decidiu se desfiliar. Em seguida os companheiros Línio de Paiva e Waldivino Pereira, fizeram o
mesmo. Já fora do PT, e sem um novo partido, continuamos em contato permanente com nossos companheiros de longas jornadas, tanto de Goiânia, como de todo o interior.

Enquanto isso, a estrutura do antigo MDB se estraçalhava em todos os municípios. Os amigos e companheiros que nos acompanhavam, um verdadeiro batalhão esparramado pelo Estado inteiro, esperavam pela nossa decisão partidária, mas não aceitavam aderir à candidatura de Iris Rezende Machado. Os atritos eram maiores entre iristas e santilistas, que com a Arena, nossa adversária comum. Percebendo que essa divisão estava, cada vez mais, se acentuando e poderia até facilitar uma vitória arenista, pois naquele tempo não havia segundo turno para eleição de governador (ganhava quem fosse o mais votado), decidimos visitar nossos lideres interioranos para que pudéssemos fazer nossa filiação partidária, em massa... (Continua)

Giannotti confirma nossa desconfiança


Na prática, dos integrantes do grupo santilista, fui o primeiro a sentir, que apesar de Lula nos tranquilizar, dizendo que os grupelhos trotskistas não dominariam as ações do Partido dos Trabalhadores, a realidade era outra. As atitudes tomadas por esses grupos eram todas no sentido de radicalizar ao máximo possível. Não queriam um partido político respeitando as regras democráticas. Para eles, o negócio era revolução popular. Guerra contra os inimigos da Pátria. Luta armada, de forma planejada e organizada, era o caminho. Vi a forma agressiva como atuavam, contaminando toda a militância petista, mesmo a pacifista, até àquele instante. Lula e seus companheiros de direção nacional sabiam disso. Mas, em todas as vezes que conversávamos, ele dizia que “os grupelhos estavam sob controle”. Saímos do encontro certos de que medidas saneadoras seriam tomadas. Acreditamos na palavra do maior líder do Partido.

No encontro que aconteceu no Colégio Sion, em São Bernardo do Campo, para a fundação do PT nós, parlamentares, estávamos presentes. O senador Henrique Santillo, primeiro integrante do Partido dos Trabalhadores no Senado e os deputados federais Airton Soares (SP); Luiz Cechinnel (SC); Antônio Carlos (MS), Edson Kahir (RJ) e eu pelo Estado de Goiás.

Pela forma com que fomos tratados na Plenária, sentimos que a alta direção petista não queria desagradar os radicais. Na formação da Mesa que conduziu os trabalhos da Convenção, foram chamados para sua composição Apolônio de Carvalho, os lideres canavieiros Abadia e Manoel Anunciação, alguns intelectuais representados por Welfort e Sérgio Buarque de Hollanda, e lideranças sindicais representadas por Olívio Dutra. Para presidir os trabalhos, Luiz Inácio Lula da Silva. Anunciado pelo cerimonial o nome de Lula, a platéia foi ao delírio. Enquanto, freneticamente gritava: “Um, dois, três, quatro, cinco mil! Queremos Lula, presidente do Brasil!!!” Foi convidado para secretariar os trabalhos, convite abafado pela gritaria dos convencionais, o senador Henrique Santillo. Teve mesmo assim, melhor sorte que nós deputados, que fomos orientados por um dos organizadores do encontro, que ocupássemos cadeiras que ficavam num dos cantos ao fundo do auditório. Mesmo com toda a credibilidade que tínhamos a nível nacional, pela
luta que todos nós travávamos pela derrubada da ditadura, parecia que a direção nacional do PT estava querendo nos esconder da militância ali presente. Majoritariamente, os presentes eram contra a atividade parlamentar.

Só agora, no dia 10 de outubro de 2012, na sua vinda a Goiás, o professor José Artur Giannotti, um dos mais consagrados filósofos do Brasil, que esteve presente à Fundação do Partido dos Trabalhadores, revelou o ocorrido no dia seguinte à Convenção. Jogou por terra os argumentos de Lula, de que quem mandava no partido era ele, e não os grupelhos. Em entrevista ao jornalista Renato Queiroz, do jornal O Popular, no caderno Magazine, da quarta feira dia 10/10:

“O senhor causou a ira dos petistas ao dizer que o PT chegou ao poder e virou um partido mole. O senhor continua achando que o partido fracassou?”

Giannotti: - “Você sabe minha história. Participei da fundação do PT e assinei a ata da fundação do PT no Colégio Sion. Depois pediram para eu passar na sede do Partido para assinar, porque o grupo mais radical achou que tinha muito burguês assinando o documento. Naquele momento achei que já era suficiente a minha militância partidária...”

Fica assim mais do que clara que, no seu nascimento, quem dava as cartas no PT, não era Lula, mas sim o grupo trotskista. Contra patrões, contra tudo e contra todos...

Radicalismo petista nacional chegou a Goiás


Após evitar que houvesse agressões aos companheiros Onofre Quinan e Ary Demósthenes, pelos que tinham visão estreita e sectária, sobre o que deveria ser o Partido dos Trabalhadores, decidimos deixar aqueles acontecimentos desagradáveis de São Bernardo para trás, tocando para a frente nossa proposta de organizá-lo de forma abrangente em Goiás. Tínhamos a palavra de Lula: “os grupelhos não interferirão na vida do partido.” Marquei com os deputados, prefeitos, vereadores, lideranças estudantis e trabalhistas para tratarmos da organização do diretório regional.

Depois de discussão intensa e abrangente, por comum acordo, todos os que faziam parte do diretório do PMDB e que nos acompanharam ao PT, foram incluídos ao diretório petista em organização. Lideranças municipais mais atuantes e representativas. Intelectuais, professores, estudantes e lideranças trabalhistas e comunitárias foram incluídos ao diretório.

Resolvida aquela questão, passamos a discutir sobre a composição da Comissão Executiva. Todos os presentes, sem nenhuma exceção, optaram que eu fosse o presidente regional do PT. Em seguida, Marcos de Almeida e Martiniano defenderam a tese de que todos os demais cargos da Comissão Executiva fossem preenchidos por intelectuais, professores e outras lideranças fora do grupo político que viera do PMDB. Contraargumentei, que forças políticas exponenciais do Estado, que se dispuseram a fazer parte do Partido dos Trabalhadores, teriam que ser expostas em funções importantes do partido, para que motivassem outros a fazerem o mesmo. Sem que houvesse acordo, decidimos que a formação da Comissão Executiva ficaria para outra oportunidade.

Com a concordância de todos os presentes, tomamos todas as providências legais para o registro dos membros efetivos, suplentes, integrantes das comissões de fiscalização financeira e ética. Cenário montado para a grande festa. De todas as regiões do Estado, bancando suas despesas de transporte, hospedagem e alimentação, chegavam delegações municipais para a festa de criação do Partido dos Trabalhadores em Goiás. A euforia entre os companheiros era total. Acertei com os companheiros Airton Soares (PT-SP); Antônio Carlos de Oliveira (PT-MS), Edson Kahir (PT-RJ) e Luiz Cecchinel (PT-SC) que viessem à convenção. Jornalistas, correspondentes da grande imprensa nacional em Brasília, confirmaram presença.

Os trabalhos se iniciariam no sábado e a votação para a eleição do diretório, por meio de todos os filiados ao partido, aconteceria na manhã do domingo. Tudo em paz, sem nenhum tipo de desentendimento interno, aguardávamos o instante de início dos trabalhos. Com todas as medidas para o cumprimento rígido da lei, solicitamos ao Tribunal Regional Eleitoral que designasse o representante oficial da Justiça para acompanhar, em seu nome, as decisões que seriam aprovadas pelos convencionais.

Na manhã de sábado, dia do início dos trabalhos internos da convenção, fui surpreendido com a principal manchete política do jornal O Popular, que afirmava terem os integrantes do PT, vetado Joaquim Roriz. Não informava a fonte, mas deixava claro que um grupo integrante do PT em formação, não aceitava na Comissão Executiva, nenhum outro político, detentor de mandato. Apenas Adhemar Santillo. Acrescentava a informação, que o restante da Executiva seria de intelectuais, professores, estudantes e líderes sindicais, conforme defendiam Marcos de Almeida e Martiniano, embora a fonte da informação fosse preservada pelo jornalista redator da matéria... (Continua).