segunda-feira, 25 de março de 2013

Foi impossível fazer política no PT inicial


Assim que tomei conhecimento da manchete do jornal O Popular, em que petistas, sem vivência partidária anterior, vetaram publicamente, pelo jornal, a participação de Roriz e outras lideranças que saíram com o grupo santilista do PMDB, na Comissão Executiva do Partido dos Trabalhadores, que estávamos organizando em Goiás, senti que havíamos chegado ao limite suportável da paciência. As ignorâncias e bravatas de alguns contra humildes companheiros no encontro nacional, no Colégio Sion, em São Bernardo do Campo, foram suportáveis e assimiladas por todos nós. Mas, esse veto a quem trabalhava incansavelmente conosco na formação de um partido competitivo no Estado, já para as eleições de 1982, era mais do que brincadeira de mau gosto. Tratava-se de agressão insuportável. Não partira de gente humilde e despreparada intelectualmente. Aquela informação desastrosa e deselegante foi repassada à imprensa por um grupo tido como bem informado, ideologicamente engajado com os grupelhos trotskistas. Sabia o que queria. Não queria um partido competitivo.

Se para a organização do partido estávamos tendo que aparar uma aresta após a outra, para disputar a eleição à Governadoria do Estado, as dificuldades e incompreensões seriam insuportáveis. Teríamos que enfrentar a máquina do governo, colocada de forma intensa e contínua a favor da candidatura arenista e, ainda, Íris Rezende Machado pelo PMDB, e tendo que suportar trotskistas descontentes? Não dava.

Nós, santilistas que abraçamos a proposta petista, já havíamos ultrapassado a fase estudantil. Não estávamos organizando um grêmio estudantil ou diretório acadêmico. Estávamos formando um partido político que entendíamos, nascesse grande e forte em Goiás. Com esse comportamento golpista, pois havíamos decidido que a questão da formação da Comissão Executiva ficaria para após a eleição do diretório, não era possível ficarmos com essa proposta partidária.

Comuniquei ao Henrique (Santillo) que deixaria o partido e não me filiaria a nenhum outro, até que decidíssemos o caminho a seguir. Tão logo anunciei aos companheiros que me desligaria do PT, a maioria esmagadora não só me apoiou, como seguiu o mesmo caminho. No primeiro instante só ficaram no partido em companhia de Henrique Santillo, que não nos seguiu na primeira hora, o deputado Línio de Paiva e o vereador por Anápolis, Waldivino Pereira. Os outros companheiros que haviam pertencido ao PMDB, todos, sem exceção, acompanharam a minha decisão.

Algum tempo depois, Henrique Santillo percebeu que a proposta era sectária, estreita, para a organização de um partido verdadeiramente popular, decidiu se desfiliar. Em seguida os companheiros Línio de Paiva e Waldivino Pereira, fizeram o
mesmo. Já fora do PT, e sem um novo partido, continuamos em contato permanente com nossos companheiros de longas jornadas, tanto de Goiânia, como de todo o interior.

Enquanto isso, a estrutura do antigo MDB se estraçalhava em todos os municípios. Os amigos e companheiros que nos acompanhavam, um verdadeiro batalhão esparramado pelo Estado inteiro, esperavam pela nossa decisão partidária, mas não aceitavam aderir à candidatura de Iris Rezende Machado. Os atritos eram maiores entre iristas e santilistas, que com a Arena, nossa adversária comum. Percebendo que essa divisão estava, cada vez mais, se acentuando e poderia até facilitar uma vitória arenista, pois naquele tempo não havia segundo turno para eleição de governador (ganhava quem fosse o mais votado), decidimos visitar nossos lideres interioranos para que pudéssemos fazer nossa filiação partidária, em massa... (Continua)

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